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Domingo, Dezembro 22, 2024

Cicatrizes

Arnaldo Xarim
Arnaldo Xarim
Economista

Cumpridos quase dezassete anos desde o 11 de Setembro de 2001, que balanço pode ser feito daquele acontecimento e dos que originou? Quais as cicatrizes que deixou?

Duas administrações já sucederam à que então era encabeçada por George W. Bush. Mesmo depois de Barack Obama, que tantas esperanças alimentou, e agora com Donald Trump constata-se que quanto a matérias de esclarecimento sobre os atentados contra as Torres Gémeas estamos praticamente no mesmo ponto em que nos quiseram deixar os responsáveis no poder àquela data.

A tese oficial, contra evidências e argumentos múltiplos, continua a querer convencer-nos que um conjunto de inexperientes pilotos árabes lograram voar com uma precisão milimétrica contra as torres e, pior, numa trajectória de voo rasante contra o edifício do Pentágono (que ao grau de dificuldade assinalado e reconhecido por inúmeros pilotos se soma o facto de àquela altitude as aeronaves comerciais descerem automaticamente o trem de aterragem), que sendo a sede do poderoso aparelho militar norte-americano está equipado de sistemas de defesa anti-aérea que automaticamente teriam tido que atingir o Boeing, mas que teriam permanecido inactivos, como aconteceu, em presença de um aparelho que os radares reconhecessem como “amigo”.

Continua a exibir destroços que há evidência não podem pertencer a aeronaves das dimensões e peso de aviões comerciais (no caso do Pentágono apenas foi encontrado um pequeno reactor, por sinal idêntico aos usados nos mísseis de cruzeiro, em nada parecido com um dos dois reactores que equipam os Boeing 757 e no caso do voo 93 da United Airlines, presumivelmente desviado para atacar a Casa Branca, cujo local de queda na Pensilvânia foi desde logo questionado pela sua reduzida dimensão), a ignorar as evidentes diferenças para outros acidentes aéreos (veja-se as imagens do embate, em 2007, do Airbus A320, mais pequeno que o Boeing 757, da companhia brasileira TAM contra um edifício no aeroporto de Congonhas), e a insistir que foram as elevadas temperaturas que originaram a fusão da estrutura em aço das torres e provocaram o seu colapso, enquanto reivindicava a descoberta dum quase intacto passaporte dum dos alegados terroristas recolhido nos destroços das torres e semanas depois foram encontradas manchas de metal fundido nos níveis abaixo do solo que em momento algum foram atingidos pelo fogo, mas normais num processo de implosão planeada…

Qualquer que seja a administração em funções (Bush, Obama e agora Trump), a Casa Branca persiste em difundir um conjunto de “informações” que apenas os mais incautos ou crédulos aceitarão sem objecções, enquanto mantém activo o anátema que prontamente lançou sobre quem se atreveu a formular as dúvidas mais pertinentes.

Os poderes estabelecidos na Casa Branca lançaram, sem o menor pejo e ao abrigo da solidariedade mundial que obviamente receberam na sequência dos atentados, duas guerras de ocupação num Médio Oriente (Afeganistão e Iraque) que não conhece um processo de efectiva pacificação há mais de cinquenta anos. Desinformando ou manipulando a informação em benefício dos seus objectivos, os EUA lançaram o mundo num novo ciclo de conflitualidade a ponto de hoje ser crescente o número daqueles que afirmam sem hesitação que longe de ter resolvido a insegurança global, aqueles conflitos apenas a vieram agravar.

Cinco anos depois dos atentados foi realizado um conjunto de sondagens entre a população americana que deram uma ideia de como estava a evoluir a percepção dos acontecimentos do 11 de Setembro. De acordo com um trabalho conjunto da Scripps Howard e da Universidade do Ohio, sobre o tema constatou-se que:

  • 12% da população revelava-se convicta que o Pentágono não fora atingido por um avião comercial, mas sim por um míssil;
  • 16% eram de opinião que a derrocada das torres do World Trade Center não tinha resultado do embate das aeronaves, mas sim da utilização de explosivos;
  • 36% declararam que a administração Bush estava implicada, de forma activa ou passiva, na realização dos atentados;

enquanto um outro estudo, realizado pela Zogby International, concluía que:

  • 42% dos americanos não estavam convencidos pelas conclusões do relatório da Comissão Nacional sobre os Ataques Terroristas, também conhecida como Comissão Kean, por ter sido presidida pelo congressista Thomas Kean;
  • 44% pensavam que George W. Bush tinha instrumentalizado os atentados para justificar a guerra;
  • 45% gostavam de ver reaberto o inquérito ao 11 de Setembro.

Estes resultados ganham uma dimensão ainda mais expressiva quando se pediu às pessoas sondadas indicações sobre a opinião de pessoas das suas relações; desta formalização, que permite recolher sensibilidades e simultaneamente ultrapassar barreiras psicológicas associadas à delicadeza das questões, resultou um crescimento de cerca de 20% nas distribuições iniciais, fazendo com que aqueles valores passem a situar-se acima dos 50%.

Por todas estas razões muitas são as pessoas e os grupos que mantém um importante processo de investigação sobre os acontecimentos e nos próprios EUA vários são os sítios na Internet consagrados a este tema (ver, por exemplo, 911TRUTH.ORG e REOPEN911.ORG).

O tempo entretanto decorrido deveria começar a jogar a favor daqueles que sempre tentaram observar os acontecimentos de forma mais racional; porém, outros posteriores, como a operação de que resultou a morte de Bin Laden (o líder da Al-Qaeda e presumido autor moral dos atentados do 11 de Setembro), e a persistência no recurso a práticas de manipulação e de sonegação da informação (sempre em nome duma famigerada segurança nacional que parece cada vez mais distante de alcançar) que mantém a generalidade da população em estado de permanente ignorância sobre a realidade que a rodeia e contribuem para tornar cada vez mais real o Big Brother imaginado por George Orwell, contribuem para manter viva a dúvida, tanto mais que são factos publicamente conhecidos e amplamente documentados que em diferentes momentos da sua história sucessivos governos americanos, ou altos responsáveis de agências dele dependentes, ponderaram a simulação de atentados para justificarem acções militares.

A verdade é que após a queda em 9 de Novembro de 1989 do Muro de Berlim e do posterior desagregamento da União Soviética, os EUA estavam a encontrar crescentes dificuldades na gestão de uma situação sem um inimigo visível e com este atentado o governo de George W. Bush registou um pronto apoio massivo da população norte-americana e de quase todos os países mundiais, facto que lhe permitiu endurecer as suas estratégias quer a nível interno, onde assistimos à proclamação de várias medidas legislativas fortemente limitadoras de direitos, garantias e liberdades dos cidadãos, as quais estão na origem de actos tão condenáveis quanto prisões arbitrárias e à ampliação de processos e métodos de espionagem interna (exemplos, a concentração de poderes na Casa Branca, a redução da capacidade interventiva e fiscalizadora do Congresso, o caso das escutas telefónicas sem mandato judicial e a criação de uma rede de instalações prisionais fora do território americano destinadas ao interrogatório de presumíveis terroristas), quer externo, justificando a invasão do Afeganistão, sob pretexto de capturar Bin Laden e com o apoio da ONU, e à substituição de um regime político que se opunha à instalação de um importante pipeline na região.

O aparente sucesso deste primeiro passo rapidamente originou um segundo e com a justificação da «guerra contra o terror» Bush e a sua equipa (talvez fosse mais correcto escrever os neoconservadores e a equipa de Bush) passaram a fixar como alvo o Iraque, onde Saddam Hussein, acusado de todos os malefícios e barbaridades (até a de dispor de armas de destruição em massa que nunca viriam a se localizadas), serviu de pretexto para que rapidamente os EUA partissem para uma nova invasão, desta vez sem o apoio da comunidade internacional, a qual continua a fomentar um clima de instabilidade geopolítica na região do Médio Oriente, que é particularmente favorável aos seus interesses e aos dos seus aliados (Israel e Arábia Saudita) na região.

 

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