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Domingo, Dezembro 22, 2024

«Olhar de uma Africana» de Margarida Tavares

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

“A esperança é uma bússola sem dono.”
DMG

“Basta ler, escutar, sentir e conseguimos ver.”
DMG

Pediu-me a amiga, confrade e “soba” Margarida Tavares (uma verdadeira lição de vida em carne viva), das ilhas crioulas de Cabo Verde que escrevesse um prefácio em tempo record, para este “Olhar de uma Africana”.

O tempo foi curto para um empreendimento desta dimensão, natureza e responsabilidade, e o nível de auto-exigência desproporcional. Mas o que fazer? Dizer não? Como resistir ao apelo da África viva? Como resistir ao apelo da poesia? Como resistir à fraternidade humana? Como resistir ao apelo da lusofonia?

A autora, “mais um precioso pedaço de pau-preto disseminado pelo Mundo”, nas palavras da malograda e grande poeta moçambicana Noémia de Sousa, abraça a Lusofonia como quem se embrenha num Poema inacabado para finalmente concretizá-lo.

Decifrar seu universo enigmático e singular, no plano de uma poética subjectiva, torna-nos ainda mais cúmplices de uma experiência ou conjunto de experiências que envolvem a própria vida.

Mas, não é verdade que cada ser humano é ele próprio uma ilha nascendo noutras ilhas?

Fica-nos a poética pujante e pungente de Margarida Tavares, uma mãe coragem de África, para com ela nos deliciarmos e descobrirmos também as ilhas que há em nós, individual e colectivamente, para finalmente redescobrirmos a maravilha da infalibilidade da interdependência.

Este livro, como a autora, é de uma audácia que vale a pena descobrir.

Títulos como “Os líderes Africanos”, ”Regresso de um Emigrante”, ”Preto”, ”Africana”, ”Crianças Africanas”, ”Estudantes Africanos”, ”Cabo-Verdiano”, ”Continente Africano”, entre outros, provam que a África vai pulsando nas diásporas e sugerem o orgulho nas/das origens, o orgulho de ser africano e um claro e pujante apelo fraterno da presença africana no mundo. Na verdade, tudo o resto estará nas entrelinhas do subjectivo e secundário, que África não se encerra nunca nas páginas dos livros e Margarida Tavares cantá-la-á sempre e enquanto respirar e, ainda mais, sempre que um leitor atrevido e sedento devorar esta obra que urge descobrir e redescobrir.

É fundamental, pois, que cada um de nós ao lê-lo, olhe bem para dentro de si próprio para adquirir a consciência da sua magnífica solidão que nos enriquece e enriquecerá sempre na diferença.

África essa continuará a dançar na autora ao som dos batuques, em nós Leitores e no Mundo, através destes belos, altivos e fraternais poemas.

 

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