Diário
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Julho 27, 2024

Raqqa: reiterada negação dos EUA insulta os sobreviventes

A negação da coligação liderada pelos EUA da verdadeira escala das mortes de civis na ofensiva sobre Raqqa é insulto para sobreviventes e vítimas.

A Amnistia Internacional assinala um ano passado (a 17 de Outubro) desde a devastadora ofensiva da coligação militar liderada pelos Estados Unidos sobre a cidade síria de Raqqa, com um custo elevadíssimo de vítimas entre os civis que as autoridades norte-americanas continuam a negar em toda a sua verdadeira extensão e, nos casos em que admite responsabilidades, se recusam a prestar ressarcimento a sobreviventes e familiares das vítimas.

A Amnistia Internacional continua a investigar no terreno, com a mais recente missão feita na semana passada, o impacto que Raqqa e os seus habitantes sofreram durante a chamada “guerra de aniquilação” travada pela coligação liderada pelos EUA com o propósito de expulsar da região o grupo auto-proclamado Estado Islâmico entre Junho e Outubro de 2017.

  • Desapontante comunicado do Pentágono rejeita responsabilidades pelas vítimas civis.
  • Ataques da coligação destruíram 80% de Raqqa e mataram centenas de civis.
  • Investigação contínua da Amnistia Internacional revela provas de dezenas de novas vítimas civis.

A repetida recusa da coligação liderada pelos Estados Unidos da América (EUA) em admitir – e em investigar adequadamente – a chocante escala de mortes de civis e de destruição que provocou em Raqqa é uma bofetada na cara dos sobreviventes que tentam reconstruir as suas vidas e a sua cidade, sustenta a Amnistia Internacional ao assinalar-se um ano passado da ofensiva lançada para expulsar daquela região o grupo armado autoproclamado Estado Islâmico (EI).

A 17 de Outubro de 2017, ao fim de uma feroz batalha de quatro meses, as Forças Democráticas Sírias (SDF) – forças curdo-sírias aliadas no terreno – anunciaram ter vencido o EI, o qual usara civis como escudos humanos e que cometeu outros crimes de guerra na cercada Raqqa. O triunfo nesta batalha foi obtido com um terrível e elevado custo: quase 80% da cidade foi destruída e muitas centenas de civis mortos, a maioria nos bombardeamentos feitos pela coligação militar liderada pelos EUA.

Numa carta enviada à Amnistia Internacional, a 10 de Setembro de 2018, o Departamento de Defesa norte-americano – cujas forças efectuaram a maior parte dos raides aéreos e todos os bombardeamentos de artilharia sobre Raqqa – deixou claro que não aceita qualquer responsabilidade pelas vítimas civis que os seus ataques causaram. A coligação liderada pelos EUA não pretende ressarcir os sobreviventes e familiares de quem foi morto em Raqqa e recusa-se a prestar mais informações sobre as circunstâncias dos bombardeamentos que mataram e feriram civis.

 

É perturbante que o Pentágono nem sequer pareça disposto a apresentar desculpas pelas centenas de civis mortos na sua ‘guerra de aniquilação’ em Raqqa. Isto é um insulto para as famílias que – após terem sofrido a brutalidade do regime do EI – perderam entes amados na cataclísmica barragem de poder de fogo da coligação”.

O responsável da organização de direitos humanos nota que “um ano depois de a batalha ter terminado, os obstáculos à obtenção de justiça são ainda insuperavelmente elevados para as vítimas e para as suas famílias”.

É absolutamente condenável que a coligação se negue a reconhecer o papel que teve na maior parte da perda de vidas que a batalha causou. É mesmo repugnante que, até no que é feita a admissão de responsabilidades, não aceite ter obrigações em relação às vítimas”.

Petição

A Amnistia Internacional mantém activa uma petição, dirigida aos ministros da Defesa dos países que integram a coligação, em que se insta a que sejam investigadas meticulosamente as circunstâncias em que foram feitos os bombardeamentos sobre Raqqa, sejam apuradas as devidas responsabilidades, reconhecida a verdadeira escala de vítimas civis e providenciada a obtenção de justiça e ressarcimento: Investiguem as mortes de civis em Raqqa, na Síria!

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -