As sessões “Water Talks”, promovidas pelo artista e investigador António Abernú, ganharam nova vida. O ciclo de conversas, intitulado “Água, Arte e Consciência no Século XXl”, passou da voz ao papel, e regressa mais uma vez ao Roca Lisboa Gallery, na próxima terça-feira, 23 de Outubro. Desta vez para o lançamento da publicação que faz a compilação das quatro conferências, realizadas há um ano.
Para o organizador, “a humanidade perdeu o contacto espiritual com o arquétipo da água e, num futuro próximo, arrisca-se a perder também o elemento físico que é a água”. Ao contextualizar a iniciativa, António Abernú diz que, para grande número de investigadores e artistas contemporâneos, a água constitui “um elemento material que tem a capacidade de ligar a experiência do mundo actual ao sentido profundo e primogénito da mudança, do devir, da relação do ser humano com o tempo e com a natureza.”
A água como matéria presente na investigação e na arte contemporânea do Século XXI, os problemas ecológicos e a sustentabilidade ambiental – este foi o ponto de partida para as “Water Talks”, que procuraram encontrar sinergias em torno das relações que aquele elemento vital tem com a história, a filosofia, a arte, a ciência ou a tecnologia.
Revisitar “O Homem que queria ser água”
A publicação, com o mesmo nome das conferências, reúne agora as intervenções que debateram vários temas, entre eles, o papel da tecnologia no fluxo da natureza, através de imagens, vídeos e análise de projectos artísticos. Nesta sessão, assinada pelo promotor da iniciativa, esteve em foco a relação do homem com a água, sendo esta encarada como “elemento de transformação, metamorfose, regeneração formal, articulação da vida e da morte”.
Além do professor universitário José Moura que abordou, do ponto de vista químico, “A água como elemento da natureza”, a terceira sessão destacou os videojogos e as tecnologias de informação como “novas formas de comunicação, sensibilização, partilha e união”. Francisco Merino, professor da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, foi o convidado que ajudou a compreender de que modo a tecnologia promove a aproximação e a fusão entre criadores e utilizadores, e que consequências terão as inovações tecnológicas nas artes e na comunicação.
Há um ano foram analisados e debatidos autores, projectos artísticos, investigações e estudos científicos em torno da água. Um ano depois é lançado em papel o resultado das “Water Talks”
Por fim, os meses das “Water Talks” terminaram com a sessão “A água segundo uma visão subaquática”, pela voz do biólogo e instrutor de mergulho Nuno Coelho. A publicação, agora apresentada, conta ainda com fotografias de Ricardo Negrete, fotógrafo amador, e com o trabalho gráfico de Nuno Pais, numa publicação do Lisboa Roca Gallery.
Durante a apresentação das “Water Talks – Água, Arte e Consciência no Século. XXl”, os convidados são ainda desafiados a revisitar “O Homem que queria ser água”. Trata-se de um projecto com oito anos, mas em constante mutação, que pretende promover a sensibilização artística em torno da água e das questões ambientais, e que é apoiado internacionalmente pela Unesco.
Os promotores da iniciativa lembram que a apresentação do livro, às 18:30 da próxima terça-feira, no edifício Roca Lisboa Gallery, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, requer inscrição obrigatória, já que as vagas são limitadas.
António Abernú é actor, encenador e mestre em ciências da comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Em 2000, funda a ASTA – Associação de Teatro e outras Artes do Distrito de Castelo Branco e quatro anos mais tarde concebe o projecto Teatro Virtual, inserido no Plano Operacional da Cultura – FEDER.
Informação adicional
Para mais informações: WaterTalks
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