Professores e pesquisadores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão sendo ameaçados através de uma carta anônima disseminada pela Cidade Universitária, no Recife, nesta terça-feira (6). A reitoria da universidade abriu sindicância interna e acionou a Polícia Federal e o Ministério Público para investigar o caso. No texto, há uma lista com 22 nomes de professores e pesquisadores que são “acusados” de doutrinação”, chamados de “comunistas”, “defensores de travecos” e “feminazes”. Além dos ataques aos professores, às suas disciplinas e pesquisas, a carta aponta que “doutrinadores esquerdistas serão banidos em 2019”. “O mito vem aí!’, diz o texto.
Segundo informações de estudantes, a carta foi colada inicialmente na porta do Diretório Acadêmico (DA) de História e espalhada por alguns pontos da Faculdade até chegar nas redes sociais, compartilhada por grupos de Whatsapp.
Em nota, a reitoria da UFPE ressaltou que “repudia veementemente ameaças e insultos” contra professores e estudantes “devido o seu posicionamento político-ideológico à orientação sexual ou étnica” e que abriu processo interno, além de acionar os órgãos policiais e jurídicos para elucidarem o caso.
O texto postado no site da UFPE diz ainda que a entidade “não admite a violência e ameaça às liberdades”, que “defende a academia como espaço de pluralismo de ideias”.
Ato de apoio
Um “ato em defesa da democracia, da universidade e dos membros da comunidade acadêmica” está sendo organizado pela Associação dos Docentes da UFPE (ADUFEPE) para ocorrer nesta quarta-feira (7), às 16 horas, em frente ao CFCH, da UFPE. Em nota, a associação dos docentes avisa que ato tem o intuito de se solidarizar com os professores e repudir tais agressões.
A entidade repudiou veementemente a atitude, dizendo ser “antidemocrática e de desrespeito à Constituição Federal”. A ADUFEPE avisa ainda que encaminhou oficío à reitoria da Universidade pedindo que as providências cabíveis sejam tomados o mais urgente possível.
Em nota, a entidade anuncia que está em contato com outras universidades no sentido de elaborar um manual de orientação dos docentes diante das agressões sofridas recentemente.
O pesquisar do CNPq, José Luiz Ratton, professor do Departamento de Sociologia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE, que teve o seu nome citado, afirmou que os ataques são, fundamentalmente, ofensas às várias e desejáveis formas de afirmação da cidadania brasileira, à autonomia da universidade pública, às liberdades civis e à democracia”.
Pesquisador na área de segurança pública, o professor Ratton pede das autoridades políticas, jurídicas que tomem um posicionamento diante dessas ameaças. Aos alunos disse que não há motivo para pânico, “ninguém deve cair em provocação, mas a reação institucional imediata deve ser exigida”. Pediu coragem, serenidade e racionalidade para enfrentar esses novos tempos. “Andemos em grupos, sejamos serenos, gentis, firmes e altivos”, postou em sua página no Facebook.
O ex-secretário estadual de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja que se graduou em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), repudiou a ameaça aos docentes e disse que “a conquista de uma Nação forte e desenvolvida necessita de uma universidade livre e autônoma, uma luta permanente de todos que prezam pela democracia e pela liberdade.”
Por Eliz Brandão | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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