O Museu da Língua Portuguesa, situado em São Paulo, no Brasil, ardeu na passada Segunda-feira à tarde, num incêndio que deflagrou no primeiro piso e se espalhou com rapidez por todo o edifício de três andares. No combate às chamas, faleceu um bombeiro civil vítima de paragem cardio-respiratória, que trabalhava no local. As causas do sinistro continuam por apurar.
Ao jornal Público, o curador Marcello Dantas, director artístico do Museu, expressa incredulidade pelo sucedido: “Me parece louco que tenha ido tão rápido para o terceiro andar. O corpo de bombeiros fica a dois quarteirões do museu. E o museu tinha sprinklers . Em meia hora o prédio estava queimado.”
O museu abriu em 2006, com uma exposição sobre Guimarães Rosa, e é aclamado como tendo aberto caminho para outros museus naquele país, como o Museu do Amanhã, inaugurado recentemente no Rio de Janeiro. Nunca se tinha feito um museu sobre uma língua. E Portugal ponderou criar um museu semelhante. Em 2006, pouco tempo depois da inauguração, o então primeiro-ministro português José Sócrates visitou o museu e manifestou o desejo de criar um espaço semelhante em solo luso. Dois dos seus ministros da Cultura defenderam a criação de um Museu Mar da Língua Portuguesa, em Belém, nas instalações do antigo Museu de Arte Popular, com o enfoque no papel da língua portuguesa na gesta marítima dos Descobrimentos.
Até hoje o projecto não se concretizou, devido à crise e à austeridade. No Museu brasileiro, lúdico, inovador e interactivo para os visitantes, “o negócio é você começar de alguma maneira a perceber que é gostosa a língua portuguesa”, afirmou Joaquim Ferreira dos Santos, jornalista que foi curador de uma exposição sobre Rubem Braga.
Mas a reconstrução é possível: embora os responsáveis lamentem o edifício, um prédio do início do século XX mesmo acima da plataforma de comboios da Estação da Luz, afirmam que por ser um museu de base digital, as cópias de segurança dos conteúdos guardadas fora daquele espaço podem permitir o renascer das cinzas. O edifício, esse, vai demorar tempo, e vai custar dinheiro.