“Precisamos manter este governo até o fim de sua cadência. Diante dos desafios de segurança que enfrentamos, não podemos ter eleições agora”. Benjamin Netanyahu há cerca de 10 dias.
“Em maio do próximo ano vamos concluir os indiciamentos do Primeiro Ministro Benjamin Nathaniel”. Procurador-geral Avichai Mandelblit, há uma semana.
“Vamos para as eleições em 9 de abril do próximo ano”. Benjamin Netanyahu, há poucos dias.
Israel está indo para novas eleições e tudo está em aberto. Dizem que Bibi vai conseguir mais um mandato, mas muita água está passando por baixo desta ponte e em política, as alianças se formam e se desfazem conforme sopram os ventos.
Bibi, como ele é chamado aqui, é um articulador nato e um político de carteirinha. Um sujeito que escreve seus discursos com a pausa para os aplausos. Sabe manipular os desejos do povo como ninguém e faz a mesma coisa com seus parceiros de coalizão.
Uma das maiores preocupações dos israelenses é com a sua segurança. Bibi sabe muito bem disso e cria os monstros de acordo com a sua necessidade. Desta maneira, o Irão se tornou a principal ameaça, seja pela possibilidade de ter uma Bomba Nuclear, seja por uma invasão por terra através da Síria e assim aparece nos nossos pesadelos.
Ainda não inventaram uma Bomba Atômica seletiva, assim sendo, jogar uma bomba destas em Israel, significaria aniquilar também a população árabe a palestina. Uma invasão por terra através da Síria não teria a menor chance de sucesso pela distância para reabastecimento de suprimentos para as tropas.
Também temos os túneis do Hezbolah que seriam teoricamente usados para invadir Israel. Também algo um pouco exagerado. Os túneis poderiam permitir a passagem de uns quantos guerrilheiros, mas o quanto isto seria efetivo em uma batalha, é a grande questão.
Enquanto o Bibi nos mostra os monstros no armário, ele tenta esconder os problemas que está enfrentando com vários prováveis indiciamentos por recebimento de propinas em troca de favores. Crimes que podem leva-lo para a prisão, e para evitar que isso aconteça, ele precisa ganhar a eleição e dar em troca sua alma para que os partidos de sua futura coalizão não o abandonem depois dos indiciamentos.
O cara é muito popular. Mesmo com o grande descontentamento de suas bases que achavam que ele devia jogar duro com o Hamas em Gaza e o desgaste natural de quem está muito tempo no poder, diante da possibilidade de os partidos de centro-esquerda voltarem ao poder, são capazes de votarem nele.
Ele tem as mãos sujas com o sangue de Rabin. Foi ele quem permitiu o clima que se criou e acabou levando um jovem extremista a cometer o crime. Ele poderia ter evitado isso se tivesse o pudor de separar sua ambição política do clima de incitação contra a esquerda vivido no país. Isso faz lembrar outro lugar?
Estamos diante de várias possibilidades. Sem indiciamento Bibi vence as eleições com provável facilidade, segundo os analistas políticos. Com indiciamento a coisa muda completamente. Se ele vencer, o povo vai estar dizendo que a lei é que está errada e isso seria algo com consequências dramáticas para a democracia.
O jogo vai durar cerca de 100 dias e neste período muita coisa vai acontecer. Novos e antigos líderes estão se movimentando e um fato qualquer pode significar a glória ou a decadência. Muito cedo para se dizer com certeza quem vai acabar sentando na cadeira de primeiro ministro.
por Mauro Nadvorny, Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica | Texto em português do Brasil
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