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Domingo, Dezembro 22, 2024

Charlie Parker | Do Billy Berg’s ao Massey Hall

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Fruto da sua colaboração na génese do bebop e da crescente aceitação deste estilo pelo público, a banda de Bird e Dizzy passou a ser muito requisitada.

Em 1945 e 1946 fizeram diversas tournées, em parcerias com músicos como Milt Jackson ou Lester Young. No entanto, Bird desaparecia por longos períodos, o que deixava Dizzy em stress. Quando voltava e este lhe questionava o que se passara, Bird respondia com o seu saxofone. Seguiu-se uma residência no clube de Billy Berg em Los Angeles, que não correu como previsto. A maioria da banda regressou a Nova Iorque, mas Bird ficou na Califórnia, em tratamento no Camarillo State Mental Hospital durante seis meses.

Em fevereiro de 1947 Bird estava em boa forma e de volta ao estúdio. Com Erroll Garner ao piano gravou “Relaxing at Camarillo“, “Stupendous” e “Cool Blues“, alguns dos pilares da sua música, e regressou a Nova Iorque. Formou então um novo quarteto, com Miles Davis, Duke Jordan, Tommy Potter e Max Roach. Com esta formação voltou a estúdio e gravou novos trabalhos no outono de 1947 ao mesmo tempo que atuava um pouco por toda a cidade, incluindo um concerto no Carnegie Hall com Dizzy.

Inspirado em Stravinsky, Parker sempre manifestara o desejo de tocar com uma secção de cordas, incorporando elementos clássicos e de jazz. Em 1949, o empresário Norman Granz conseguiu uma oportunidade para gravar um disco com uma formação mista de músicos de jazz e uma orquestra de câmara. O disco chamou-se “Charlie Parker with strings”, foi gravado com a Orquestra de Jimmy Nichols e incluiu os temas “Just Friends“, “Everything Happens to Me“, “April in Paris“, “Summertime“, “I Didn’t Know What Time It Was” e “If I Should Lose You“. No mês seguinte, um novo clube de jazz abriu em Nova Iorque, tendo sido batizado de “Birdland” em homenagem ao saxofonista.

Em junho de 1950, Bird gravou com Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Curly Russell e Buddy Rich o álbum “Bird& Diz”. No final do ano efetuou uma tournée europeia, onde brilhou o jovem saxofonista John Coltrane. Tudo parecia controlado na sua vida, apesar de as drogas e o álcool nunca estarem totalmente ausentes. Nessa altura começou a viver com Chan Richardson, de quem teve uma filha em 1951 e um filho em 1952.

Em 1953 atua no Massey Hall, em Toronto, acompanhado por Dizzy Gillespie, Charles Mingus, Bud Powell e Max Roach, naquele que é por muitos considerado como o melhor concerto de jazz de sempre. Infelizmente, um importante combate de boxe à mesma hora, com transmissão televisiva, reduziu substancialmente a audiência. Neste concerto Parker tocou vários modelos de saxofone, incluindo o Conn 6M, o Martin Handicraft, o Selmer Model 22 e sobretudo o King “Super 20”, construído especialmente para si.

Massey Hall, em Toronto – 1953

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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