“O Casal Arnolfini”, de Van Eyck. Pintor flamengo do século XV, fundador do estilo do gótico tardio influenciando assim o Renascimento.
Uma das mais notáveis e famosas pinturas de toda a História de Arte. O pintor esteve em Portugal para retratar D. Isabel de Portugal, filha de D. João I, que havia de casar com o poderoso duque de Borgonha, Filipe, o Bom.
Quadro repleto de enigmáticos simbolismos, como seja a inclusão do cão como testemunho de fidelidade conjugal, ou o facto de o casal se encontrar descalço querendo significar a garantia de fertilidade, ou as mãos unidas que explicam a centralidade do casamento cristão. O vermelho dos cortinados traduz-se pela paixão, ou, ainda, o terço de cristal junto ao espelho, como uma marca de pureza. A colocação da laranja como apêndice da luxúria, a que o divino matrimónio contrapõe excelso e puro.
O grande elemento da destreza técnica nesta obra é, no entanto, o espelho convexo, em que aparece uma visão do interior do quarto a partir dos seus “olhos”, que está ornado com 10 das “estações da cruz” (são 14) que identificam a caminhada de Jesus até ao monte Gólgota.
A altíssima qualidade das vestes dos personagens faz reconhecer a elevada posição social que ocupam na ilustrada sociedade borgonhesa da altura, onde reinava (de forma ducal) uma portuguesa inteligente e activa na sua intervenção política.
A pintura a óleo é normalmente atribuída a este grande “primitivo flamengo” como uma inovação, embora se saiba que no continente asiático esta técnica era conhecida há muito. São pigmentos suspensos num meio líquido que acaba por secar. Gema de ovo (têmpera), água e óleo de linhaça ou papoila, de que resulta mais fortaleza e flexibilidade. Tudo isto foi aperfeiçoado por Van Eyck.
Informação adicional
Artista: Jan van Eyck
Dimensões: 82 cm x 60 cm
Local: National Gallery, Londres
Assunto: Casamento
Material: Carvalho, Tinta a óleo
Criação: 1434
Períodos: Renascimento nórdico, Primeira Renascença
Nota da Edição
Jan Van Eyck 1390-1441
Foi um grande pintor flamengo do século XV, fundador do estilo do gótico tardio influenciando assim o Renascimento e, por isso, é visto como o mais célebre dos primitivos flamengos. Devido a toda a sua capacidade inovadora é considerado um dos grandes mestres da pintura mas são poucas as informações seguras sobre a sua vida.
Começou a desenhar e a pintar quando trabalhava na oficina do seu irmão Hubert Van Eyck.
Por volta de 1421 Jan tornou-se mestre deixando a oficina do seu irmão. Em 1422 foi nomeado pintor oficial de João de Baviera, conde de Holanda e 3 anos mais tarde muda-se para Lille (uma cidade no norte de França) e fica ao serviço do duque de Borgonha, Felipe o Bom, para quem realizou várias missões diplomáticas secretas (cargo que manteve até à sua morte) em Espanha e em Portugal.
A sua visita influencia bastante os primitivos flamengos destes países. Em Portugal esta radical mudança é visível nos painéis de S. Vicente de Fora (Museu de Arte Antiga).