Na sequência da bem sucedida Operação Venezuela Em Curso – OVEC – garante-nos fonte fidedigna que Portugal está a considerar alargar a luta pela instauração da democracia a outras partes do mundo.
Nos bastidores diplomáticos estaria já a ser elaborada uma lista detalhada dos países em que será reconhecida a Oposição interna em vez dos governos que controlam o aparelho de Estado. Entre outros, estariam nessa lista, além da Rússia, China, Turquia e Irão, que continuam incompreensivelmente fiéis a Maduro, também Egipto, Arábia Saudita, Angola, Ucrânia e Bielo-Rússia, para já.
Algumas dúvidas surgiram sobre se se deverá incluir na lista a Guiné-Equatorial, devido à sua integração na CPLP. Mas a vontade política lusitana de passar a integrar a vanguarda da luta pela democracia no mundo é tão forte – garante-nos a nossa fonte – que nos meios diplomáticos já se pondera até a possibilidade de vir a incluir nessa lista os próprios EUA – onde como se sabe Trump governa sem ter a maioria efectiva dos votos populares – graças um sistema eleitoral antiquado que torna iguais estados com densidades populacionais distintas.
A confirmarem-se estas informações, o GOE vai ter muito que fazer. E para que as operações saiam mais baratas – dizem-nos – os bilhetes vão ser sempre de ida e volta, que fica mais em conta.
GOE barrado em Caracas regressa a Lisboa
Estavam à espera de quê?
Fanfarra e bolinhos? E o Gaidó, não mandou lá ninguém? Que verguenza! Diálogo imaginário à chegada – Vimos aqui proteger a nossa embaixada e dar uma ajudinha ao Gaidó… – Pero acá llas calles estan serenas y su gobierno no quiere tratar con el atual poder de Estado de Venezuela… – Anh, hum? Bem, se é assim, a gente regressa a Lisboa e não se fala mais nisso, amigos como dantes, OK? Ciao, Adiós, depois a gente volta, quando entrarem os gringos… Que humilhação! Quem deu a ordem de marcha? De quem é a responsabilidade? Primeiro, numa atitude sem precedentes na história diplomática, cortam-se relações com o poder de Estado efectivo do país para se reconhecer o líder da Oposição. Depois, envia-se uma força militarizada que, para entrar, precisa de passar pelo crivo desse mesmo poder de Estado (ainda efectivo) que se acabou de hostilizar! O resultado só podia ser este – uma entrada de leão e uma saída de sendeiro, entre o ridículo e a humilhação. Meu Deus! Olha-se e não se acredita… Não – digam-me que não é verdade – que é tudo fake news… Rebobinem-me este filme, por favor!
Carlos Fino
PORTUGAL
Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
*Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há “papo-de-anjo” que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós . . .. .
© 1965, Alexandre O’Neill