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Domingo, Dezembro 22, 2024

Dizedor do impossível

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Sim, onde está a mentira desses dizedores que alimentam e cultivam o que se diz?

Exclama a calma solvida e dúvidas nas arestas da vida, este templário de funcos onde ideias fumegam palavras seguidas em ritmos do fantástico numa rasura e emendas na voz descrita apenas escrita como quem quer pura e simplesmente desmembrar-se sob vocábulos ilusionistas de verdade aberta sem ilusão nenhuma, são o que se quiser esse dizedor de eventos narrados na masmorra dos entendidos que classificam os inventores da verdade. Sim, onde está a mentira desses dizedores que alimentam e cultivam o que se diz?

Encontrar o que não existia confere-lhe existência, um prenuncio do vazio nas estandartes de revistas especializadas e paralisadas nas montras mortas de cérebros que se culminam em estrofes de sábios nada disto é alguma coisa é verdade, mas quem serão então se deles nada mais do que isso, desfilarem-se a sapiência do soberbo em alquimias de verdades apenas as suas cabeças e já está pronto nada a discutir ouvi dizer ou li e pronto, não inventes miséria! E palavrear nasceu de um para o outro e nele o medo porque pensará ele que sabe ao dizê-lo? Mais um ouvi dizer lá pela década de vinte quando ainda vivia não inventes e calei o meu futuro neste rascunho para um dia qualquer. Queria apenas palavrear!

Uma imagem para esse dicionário do impossível estampado em sinagogas de que lar? Onde moram efectivamente as invenções dos que inventam formas de ou para viver? Pois, na verdade não existem mesmo e estamos para a divagar com tantos dizeres para nada palavreando este lugar numa plataforma para daqui a cem anos. De lá vim, desses anos vinte que a memória me terá trazido à tua casa para que me sussurres da tua inquietação, é onde estou sabes?, tentando perceber-te de alguma forma mesmo que te cales, descubro na tua voz o silêncio que se esforça por verdades para ninguém, esse ninguém refastelado nas alquimias dos sabedores disto tudo até que a morte os eternize.

Palavreiam os magos neste deserto de ideias arrumadas num varandim de ervas secas enquanto tu numa feira para inventores de vitorias e emblemas para ferraris nascidos no quintal do estado e da nação, o resto é palavrear anomalias para dicionários que ninguém estudará até que morras definitivamente!

Dizedor não é coisa para qualquer um mesmo que viva a definhar num quarto alugado lá pelo Bairro Alto nas insonias de ruídos e bebedeiras em bares para sucesso, mas sim quem inventa o seu próprio caminho numa sala que seja para descrever palavreando os inventos que nunca ninguém desvendará seriamente e o usará quando o impossível terminar.

Joaquim Castro Caldas (fotografia de Egídio Santos)

Um sussurro rasurado não escrevo para ninguém sabendo nada há para além do que vejo, as ideias são fragmentos para essências palpáveis mesmo que a ciência desminta nunca nada ter sido na vida, essa soma de nada mais nada para um resultado de Ulisses.

Assim se segue desventrando a busca pelo tempo perdido em imensas páginas de alimentos sólidos ou uma chávena de chá em nova e velha Deli, sim, deixem-me então saborear o resultado entre dois rios quando se dividem as cidades conta-me um dizedor do impossível.


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