“Casamento de Isaac e Rebeca”, de Claude Lorrain. Claude Lorrain ou Claude Gellée foi um dos mais conhecidos pintores franceses, admirado pelas paisagens campestres e urbanas que pintava.
Este tema do antigo testamento serve apenas de pretexto para a ilustração poética de um sonhador arcadiano. É um pintor das minhas preferências e que considero exaltante o modo belo, dulcificado e fértil das suas criações paisagísticas. Na minha opinião, aplica-se a Lorrain, a genial interpretação de Picasso de que «a pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica».
As árvores obrigam à condução do olhar para dentro, onde está esplanada uma claridade sublimada pelo azul das águas, irmanada com o azul do céu, donde intuímos uma atmosfera idílica, italiana, que tão bem conheceu.
É “preciso” perscrutar as suas propostas através dos recantos e caminhos da natureza idealizada, que é, para o pintor, o que verdadeiramente conta: a Natureza! As figuras são intencionalmente polvilhadas na paisagem, tendo o mesmo valor que os barcos, os animais, a queda de água ou a casa torreada.
Informação adicional
Artista: Claude Lorrain
Local: National Gallery, Londres
Género: Pintura de paisagem
Nota de edição
Claude Lorrain 1600–1682
Iniciou-se na pintura por volta de 1620, aprendendo a tradição da paisagem iluminista fundada por Adam Elsheimer (1578-1610) e divulgada no século XVII pelo flamengo Paul Brill (1554-1626). Lorrain superaria os seus mestres, tornando-se o intérprete da luz solar.
Depois de criar cenas que reproduzem fielmente a realidade (é o caso das pinturas “Campo Vaccino” e “Festa na aldeia”, por exemplo), Lorrain dedicou-se à pintura que o tornou imortal: portos de mar em que o sol doura embarcações e palácios, reverberando pela água, e paisagens ensolaradas nas quais encontramos as mais diversas variações da luz. Contudo, de todas as fases do dia, a tarde, o crepúsculo e o anoitecer serão os momentos que mais inspiraram as suas paisagens.
Lorrain deixou para a posteridade, além das pinturas, o seu Liber veritatis (Livro da verdade), um caderno de esboços no qual reuniu não só os desenhos preliminares de cada obra, para evitar falsificações, mas o roteiro detalhado da composição de cada pintura, o nome de quem o havia encomendado e, inclusive, o pagamento que recebeu pelo trabalho.