A alemã Clara Zetkin em 1910, há 109 anos durante o 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague, defendeu a existência de uma data para marcar a luta pelos direitos das mulheres, sobretudo o direito ao voto. Em 2019 nas ações para preparação deste momento de luta nos encontramos diante de ataques frontais aos nossos direitos arduamente conquistados, por um governo que despreza as mulheres, a população negra, LGBTs e os trabalhadores.
O 8 de março, dia Internacional das mulheres trabalhadoras oficializado pela Organização das Nações Unidas em 1975, tem sido marcado ao longo dos anos como data de protestos, de luta pela igualdade e de denúncia contra a violação de direitos historicamente conquistados. A origem da data tem algumas explicações históricas. Uma delas é relacioná-la ao incêndio ocorrido em 25 de março de 1911 na Companhia de Blusas Triangle, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens. As chamas começaram quando um trabalhador acendeu um cigarro perto de um monte de tecidos e alastraram-se rapidamente. As portas das escadas de incêndio estavam trancadas por fora, para evitar que os funcionários saíssem mais cedo. Portanto, a fatalidade pode ser interpretada como uma situação criminosa.
Uma passeata de mulheres e diversos protestos em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro, no antigo calendário russo, o calendário gregoriano), em Petrogrado, acendeu a chama da Revolução Russa. Naquele dia, milhares delas foram às ruas da capital para protestar contra a fome e as terríveis condições de vida no país. A data foi escolhida porque representava o Dia Internacional da Mulher, importante comemoração do calendário de lutas em todo o mundo. No dia seguinte, eram mais de 190 mil.
Em alguns momentos da história, principalmente em períodos de ditadura o conteúdo emancipatório da data acabava ficando em segundo plano, no entanto a marca comunista original sempre é retomada nesta data.
Evidencia marcante em cada 8 de Março a memoração da unidade entre as mulheres trabalhadoras, herdeiras das lutas feministas e das resistências operárias de todos os tempos, na defesa do direito ao trabalho com salário justo, ao direto de decidir sobre o nosso corpo, ao direito a moradia, a educação crítica e de qualidade e a saúde pública.
Neste Dia Internacional da Mulher, mais do que nunca é preciso ocupar as ruas para denunciar o governo Bolsonaro verdadeiro inimigo das mulheres e do povo brasileiro. Este governo e parte de seu grupo impõe a agenda imperialista mundial, aumentando a opressão contra as trabalhadoras e trabalhadores, com um reajuste do salário mínimo abaixo do previsto, com a proposta de uma reforma da previdência criminosa enquanto os banqueiros lucram bilhões ao ano. Sob a falácia do combate à violência e a corrupção, impõe a proposta de posse de arma que reverterá em mais violência atingindo principalmente mulheres, mulheres negras, LGBTs, juventude que vive nas periferias, povos da floresta e do campo, em particular os indígenas.
Ainda, para piorar evidencia-se as declarações da ministra Damares, que reafirmam um ideário de inferiorização das mulheres em relação aos homens, naturaliza e assim justifica as desigualdades salariais, as violências de gênero físicas e psicológicas, estupros e feminicídios, que mostram uma espiral ascendente na presente conjuntura.
Neste contexto entendemos o importante papel dos movimentos feministas e de mulheres que tem a tarefa de galvanizar o repúdio a essas medidas medievais, medidas do capital e do patriarcado, juntamente com os demais movimentos sociais progressistas e partidos, para conformar uma ampla frente de luta social e política que faça oposição cerrada ao desgoverno Bolsonaro. Se o capitalismo impõe aos trabalhadores, em geral, péssimas condições de vida e trabalho, é ainda mais cruel com as mulheres. Nesse sentido é preciso reconhecer o importante papel das mulheres na luta de classes. Sem dúvida a mobilização do 8 de março pode ser fator propulsor das lutas em 2019.
A resistência nos une! A luta nos liberta! Viva o 8 de março! Viva a unidade e luta das mulheres!
por Elza Maria Campos, Assistente Social e professora. Secretaria de Movimentos Sociais do PCdoB do Paraná | Texto em português do Brasil
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