A Amnistia Internacional emitiu comunicado sobre os efeitos devastadores do ciclone Idai em que pede aos governos estrangeiros e líderes regionais que intensifiquem esforços de resgate e garantam assistência humanitária adequada.
Com centenas de mortes confirmadas e milhares de pessoas desaparecidas ou deslocadas após o impacto devastador de um ciclone em Moçambique, no Zimbabué e em partes do Malawi, a Amnistia Internacional apela aos governos estrangeiros, nomeadamente aos líderes regionais, para que intensifiquem os esforços e providenciem todos os recursos disponíveis para as acções de salvamento.
A Amnistia diz ser “essencial haver um foco no salvamento das pessoas que ainda estão presas nas áreas afectadas e no fornecimento de assistência humanitária, garantindo as necessidades básicas e protegendo os direitos humanos das pessoas afectadas”.
A organização declara que as diligências devem concentrar-se no socorro às pessoas ainda encurraladas nas áreas afectadas, em assegurar assistência humanitária para colmatar as necessidades básicas das vítimas e na protecção dos seus direitos.
Prevê-se agora que o ciclone se desloque mais para oeste, pelo que as autoridades devem também procurar garantir que não se perdem mais vidas, criando mecanismos de alerta precoce e outras estratégias de redução de risco.
A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a comunidade internacional devem proporcionar os recursos necessários para ajudar nos esforços de resgate nos países atingidos pelo ciclone Idai, a fim de salvar vidas e oferecer auxílio aos que perderam as suas casas e meios de subsistência”.
O ciclone Idai abateu-se sobre o Zimbabué e Moçambique entre 14 e 16 de março. O fortíssimo ciclone foi previsto pelo serviço meteorológico da África do Sul no dia 11 de março.
Centenas de pessoas permanecem encurraladas nas áreas atingidas pelo ciclone e outras continuam desaparecidas. O presidente moçambicano Filipe Nyusi declarou que o número de mortos pode chegar às 1 000 pessoas.
O distrito de Chimanimani, no leste do Zimbabué, e a Beira, em Moçambique, encontram-se entre as regiões mais devastadas. Segundo as Nações Unidas, quase 10 000 pessoas foram afetadas pelo ciclone no Zimbabué.
Os líderes regionais e os governos de países mais ricos devem apoiar sistemas de alerta precoce eficazes, a preparação para situações de catástrofe e estratégias de adaptação às alterações climáticas, para salvar vidas e proteger os direitos humanos.”
Moçambique e o Zimbabué são particularmente vulneráveis ao risco de inundações durante a estação das chuvas e desastres anteriores causaram várias mortes e deixaram pessoas desalojadas. O número de ciclones e inundações de proporções anómalas tem vindo a aumentar na África Austral devido à mudança nos padrões meteorológicos, provavelmente causados pelas alterações climáticas.
Com o intensificar dos efeitos das alterações climáticas, receia-se que se repitam com maior frequência condições extremas. A destruição infligida pelo ciclone Idai é mais um sinal de alerta para que o mundo aplique medidas ambiciosas de atenuação das alterações climáticas”.
A legislação internacional de direitos humanos define que a responsabilidade fundamental de assistência e protecção às vítimas de catástrofes naturais cabe aos governos dos países afetados. Contudo, os outros países têm também a obrigação de oferecer assistência através da cooperação internacional, se tal for necessário para proteger os direitos humanos.
Nota do editor
A situação na Beira, Moçambique, tende a piorar com a segunda vaga de cheias causada pelas descargas das barragens do Zimbábue.