O porto italiano de Palermo está a ser transformado pela China num porto gigante para rivalizar com Roterdão.
A Itália afasta-se assim da nova linha dura contra Pequim adoptada pela União Europeia, insulta abertamente o eixo franco-alemão e torna-se o primeiro país do G7 a aderir ao projecto geopolítico chinês dito One Belt, One Road… Claro que há riscos na iniciativa protagonizada, internamente, pelo governamental partido “Cinco Estrelas” e que já alguém avisou que a Itália se está a vender ao Partido Comunista Chinês… Merkel semeou ventos e agora tem de lidar com as tempestades.
Com a implosão da URSS, em 1990, as placas tectónicas da geopolítica pareciam ter entrado em prolongado período de repouso, houve mesmo quem visse, então, “o fim da história” e a entrada num tempo de paz perpétua. Os anos 90 foram, assim, o tempo das ilusões, o tempo em que todos os delírios eram tomados como coisas sérias.
Depois, a abrir o século XXI, surgiu o cisne negro do “11 de Setembro”. De facto, só foi negro, esse cisne, porque ninguém o quis ver, pois os primeiros avisos (e bem específicos…) sobre a matéria datam de dez anos antes, de 1991. Mas como se vivia nos anos das ilusões e a grande questão era saber se a relação do presidente Bill Clinton com uma jovem colaboradora era ou não era sexual, esse cisne acabou mesmo por ser negro. E bem negro.
Na perspectiva definida pelos coronéis chineses da “Guerra Irrestrita”, é possível e legítimo perguntar se esse cisne negro não foi uma manobra de diversão para lançar os USA numa prolongada “guerra ao terrorismo” que os ocupasse, os distraísse do resto, os cansasse (tanto psicologicamente como financeiramente) e assim permitisse a outras potências em ascensão ganhar tempo de que tanto precisavam…
A crise financeira de 2008 veio oferecer mais tempo aos “chalengers” estratégicos e abrir graves brechas nos Estados do Ocidente e ainda desencadear uma crise de legitimidade da representação política como não se tinha visto desde a II Guerra.
Na Europa, a resposta a essa crise financeira foi comandada por Angela Merkel e obedeceu à cartilha do ordo-liberalismo alemão. Resultado: os Estados do litoral europeu tornaram-se campos de ruínas, tanto na economia como na legitimidade das suas classes políticas. Um muito ambicioso “chalenger”, a China, avançou por esses campos de ruínas e neles já começou a instalar-se, avançando todos os dias na ocupação do terreno. Era expectável (para quem tivesse olhos e neurónios).
As placas tectónicas da geopolítica (como vão longe os anos 90…) estão de novo em movimento e aceleram. Por ora, o conflito geopolítico (ainda) assume as formas da guerra económica… como neste caso da Itália.
Italy drawn to the promise of China’s Silk Road in defiance of Brussels
Italy is investing, with Chinese help, into Palermo, in a bid to turn it into a giant port to rival Rotterdam…
Ambrose Evans-Pritchard | The Telegraph | 17 MARCH 2019
Italy is selling itself lock, stock, and barrel to the Chinese Communist Party, flouting the EU’s tough new line on Beijing and openly taunting the Franco-German axis.
The techno-utopian Five Star Movement is chiefly responsible for this effusive embrace of Xi Jinping’s authoritarian model.
Its leaders suppose there to be a pot of gold in the Middle Kingdom, available to buy Italy’s bonds and to pay for Rome’s unaffordable spending plans.
It is a way to take revenge against the EU policy elites for years of enforced austerity and their failure to deliver on ‘New Deal’ promises of an investment blitz. But it also risks a diplomatic rupture with US for questionable economic gain.
Italy is to…
Italy drawn to the promise of China’s Silk Road in defiance of Brussels
Exclusivo Tornado / IntelNomics