Desde há muito tempo, províncias, cidades e Estados já protagonizam conflitos bélicos que são estudados, muitas vezes, em livros didáticos na escola. As relações ríspidas e ataques entre diferentes civilizações sempre marcaram presença durante a intensa existência humana no planeta Terra.
Porém, ao estudar algumas guerras e outros tipos de confronto armado durante o período escolar, muitas pessoas têm a falsa impressão de que esses acontecimentos históricos ficaram para trás e estão presentes apenas em um passado bem distante.
Talvez por causa da proximidade temporal com os confrontos que estão atualmente ocorrendo, seja um pouco mais difícil de notar o clima beligerante que assola muitas regiões pelo mundo. Além disso, a grande mídia nem sempre aborda alguns conflitos entre países — de cunho territorial, político-econômico ou ideológico — com o enfoque que eles demandam. Nem sempre há, também, pessoas com grande conhecimento sobre esses conflitos que tenham apelo midiático suficiente para discorrerem sobre essas questões tão complexas e, assim, atingirem o grande público.
A exceção quanto à ampla e plural abordagem da mídia em conflitos está sendo a crise venezuelana. Com grande frequência, diversos veículos, das mais diversas plataformas e linguagens, discutem os últimos contornos da atual crise na Venezuela. Os confrontos no território vizinho, no entanto, ainda não atingiram o patamar de guerra com outros Estados — os alertas sobre a violação dos Direitos Humanos na Venezuela, feitos pela ONU, não são devido aos confrontos bélicos entre dois exércitos, mas sim por causa de outras questões de nossos vizinhos.
Abaixo, você pode ler sobre alguns conflitos que atualmente estão em curso pelo mundo, mas nem sempre são muito noticiados; confira:
Disputa pela Caxemira
O conflito na região da Caxemira é protagonizado por Índia e Paquistão. As disputas, que envolvem diferenças étnicas e territoriais, tiveram início após a independência indiana, em 1947. Até então, ambos países faziam parte do mesmo bloco e estavam sob domínio do Império Inglês, mas com o fim da colonização, os dois Estados foram criados e as diferenças culturais e religiosas afetaram diretamente a relação entre os dois países. A Índia, predominantemente hinduísta, aumentou a rivalidade com o Paquistão, de maioria muçulmana. A região da Caxemira (entre os dois países), portanto, se tornou alvo de intenso interesse de ambas as partes para o controle da área. Até os dias atuais, a situação na região é muito delicada.
Guerra na Síria
Iniciada em 2011, a Guerra na Síria teve seu estopim no contexto da Primavera Árabe — manifestações populares que se espalhavam por países da região. Muitas pessoas começaram a demonstrar insatisfação com o governo de Bashar al-Assad e reclamavam de irregularidades na administração do líder do país. Como resposta, Bashar al-Assad ordenou que as forças de segurança atacassem os manifestantes. O clima no país esquentou de vez e outros conflitos voltaram a acontecer. Outros países também começaram a financiar o conflito; os Estados Unidos, por exemplo, passaram a auxiliar as forças rebeldes, enquanto que sua rival, Rússia, deu apoio ao governo de Assad. De acordo com levantamento feito recentemente pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 500 mil pessoas já morreram desde o início do conflito, boa parte delas eram civis.
Guerra do Iêmen
O Iêmen, um dos países mais pobres do mundo árabe, está sendo destruído desde 2015 por causa de uma guerra que opõe duas potências da região: forças do governo de Abd-Rabbo Mansour Hadi, em coalização liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes “Huti”, apoiados pelo Irã. O conflito também tem raízes na Primavera Árabe, quando o presidente Ali Abdullah Saleh foi forçado a deixar o poder nas mãos de Hadi, seu vice na época. Porém, a transição não levou o país à instabilidade e Hadi encontrou problemas para administrar o Iêmen. O movimento huti, por sua vez, aproveitou do enfraquecimento do novo governo e tentou tomar o controle de algumas zonas. Devido aos conflitos, Mansour Hadi precisou se exilar. A Arábia Saudita, então, decidiu atacar os Hutis para ajudar a restaurar o governo de Hadi, o que esquentou ainda mais o clima e fez com que o Irã se colocasse contra essa coalizão formada. Até o momento, a guerra já deixou milhares de mortos.