Torres Vedras foi o cenário das últimas Jornadas do Hidrogénio, numa organização da associação AP2H2 – Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio, em parceria com a Câmara Municipal e o apoio da Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
O hidrogénio enquanto vector energético como opção estratégica de futuro, na gestão da energia e na descarbonização dos territórios, foi o tema das jornadas. Cerca de 100 participantes, entre especialistas, stakeholders (público estratégico com interesse no tema), académicos e autarcas, marcaram presença no evento, que teve no seu programa um workshop, painéis de comunicações e a entrega de um prémio.
Na sessão de abertura o presidente da Câmara realçou a importância da criação de um novo paradigma energético. “O percurso não é fácil, mas é possível atingir o objectivo da descarbonização previsto até 2050”, afirmou Carlos Bernardes, que revelou ser era “um dia feliz” porque Portugal está a produzir os primeiros autocarros movidos a hidrogénio.
Campos Rodrigues, presidente da AP2h2, realçou o facto de a Câmara Municipal sempre ter acreditado que o hidrogénio podia ser “um factor distintivo”, pelo que muitas das iniciativas da associação tiveram lugar ao longo dos anos em Torres Vedras. Campos Rodrigues frisou que estas jornadas estavam a decorrer num momento-chave para o hidrogénio tendo em conta que estão a ser discutidos documentos fulcrais em Portugal com vista a que o país contribua para o objectivo de até 2050 a temperatura média mundial não subir mais de dois graus.
Acrescentou ainda que o hidrogénio está a “assumir-se a nível mundial” e constitui-se como a solução economicamente mais eficiente para se atingir os objectivos do Tratado de Paris, sendo os municípios parceiros importantes na introdução do hidrogénio como combustível.
“A aposta na Neutralidade Carbónica em 2050” foi o tema da comunicação de Pedro Filipe, adjunto do secretário de estado do Ambiente e da Energia. Realçou que “a descarbonização dos transportes é um desígnio deste Governo”, recordando que este tem estado a apoiar projectos na área, como os autocarros movidos a hidrogénio.
Também na sessão de abertura, Júlia Seixas (Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa), defendeu que a neutralidade carbónica é possível em Portugal até 2050, mas que para tal é necessário fazer uma “transformação energética rápida” nos próximos 10 ou 15 anos, salientando que a neutralidade carbónica passa em Portugal pelos combustíveis mas também pela floresta. Ainda nesta sessão de abertura Pedro Guedes de Campos (da Fuell Cell & Hydrogem Joint Undertaking) apresentou o Road Map Europeu para o Hidrogénio.
Os trabalhos acabaram nesse dia com a atribuição do Prémio Científico Toste de Azevedo 2018 a Joana Ortigueira, que apresentou uma comunicação intitulada “Desperdício Alimentar para Hidrogénio: Biorefinarias ao serviço da Inovação Ambiental”.