Em Portugal, o importante não é ser ministro, é tê-lo sido. O dito corre por aí há muito e já ganhou foros de provérbio.
Antes, as coisas passavam-se de certos modos, agora, na era mediática, passam-se nos écrans dos media. É o tempo do “comentariato” pago a peso de ouro, tempo de uma espécie de fidalguia político-mediática. Para, frequentemente, vender gato por lebre.
Os canais de televisão constituíram os seus “partidos” com a cooptação de um “barão” aqui e de outro visconde ali… Um visconde mais à esquerda para compensar os dois barões à direita, compondo assim o ramalhete. Marcelo, (de certo modo o criador desta “fidalguia”…) foi, em tempos, a estrela mais brilhante do universo do “comentariato”, à frente do “partido TVI”.
A sua saída para o palácio de Belém provocou uma recomposição da coisa e um novo (des)equilíbrio nos “partidos” televisivos. Um processo de recomposição que, aliás, continuará enquanto o lugar que era o de Marcelo – uma espécie de Rei-Sol das pantalhas – continuar por ocupar… Apesar dos esforços inglórios (até agora…) dos Portas, Marques Mendes e outros “fidalgos”.
Pagos ao preço do ouro, os políticos do “comentariato” ficam assim ligados por sólidos laços àqueles que lhes pagam… Os milhões correm-lhes para os bolsos e eles querem que continuem a correr. Quem lhes paga pode querer não só bons números de audiências mas também ter ao seu lado o peso das influências que tais “fidalgos” tenham acumulado. Criou-se assim um universo de (pelo menos..) equívocos…
Dirigida por Eduardo Dâmaso, a revista “Sábado” fez um assinalável trabalho (finalmente, alguém ousou tocar no assunto!) sobre esta trama que, apesar de se desenvolver (em parte, só em parte…) debaixo da luz dos projectores, é coisa bastante obscura.
Exclusivo Tornado / IntelNomics