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João de Sousa

Quarta-feira, Julho 17, 2024

Amor de mãe

Esse amor incondicional e amantíssimo que não quer nem precisa de palavra alguma para o explicar ou o definir. Porque inexplicável e indefinível.

Mas ao mesmo tempo tem de haver uma razão qualquer para que ele seja diferente de todos os outros. De um pai, de um irmão, de uma avó, de um avô. E estamos a falar de amor também e de pessoas que poderiam amar da mesma forma esse filho que uma mãe ama para lá do infinito e para lá de toda a razoabilidade. Mas qual razoabilidade se nesse amor está tudo e todas as coisas nele contidas? Será que o coração de mãe é diferente de todos os outros, de todos os outros amores, e de todos os outros que também amam, e muito? Há algo de transcendente num amor de mãe que ninguém se atreve a aclarar ou a justificar, por saber, lá no fundo, que tornar inteligível o que não é nem pode ser, é uma tarefa já predestinada ao fracasso e ao insucesso.

Por amor, uma mãe quer sempre e em qualquer circunstância o melhor do melhor para o seu filho. Ou filha. Apresente-se-lhe o namorado (no caso de filha), e ela vai querer saber tu-do acerca do candidato. Desde se é de “boas famílias”, mesmo que não se saiba muito bem o que isso significa, mas que ela, por amor, sabe muito bem. Venha ele de uma ascendência familiar distinta, magnânima, e, se possível, nobre; de posses e endinheirada, que a segurança é fundamental, e da última vez que ouviu falar de amor, soube que ele se foi à falta precisamente da tal da segurança. Não que ela não dê valor ao amor. Dá, e muito. Mas ela é daquelas que pensa e pensa muito, que o amor tem que caminhar lado a lado com a segurança. Sabe aquela do amor e da cabana? Pois é. Não foi ela que a inventou, mas ela é a maior e mais acérrima defensora que só de amor, por mais maravilhoso que ele seja, não basta. E a filha, que ainda é uma romântica e uma inocente nestas e noutras, tem de saber o que a mãe tem a lhe ensinar. Tudo por amor, é claro.

Também por amor, nenhuma mãe gosta de ver a sua filha – ou filho – sofrer por amor. Uma mãe gosta de ver a sua filha sempre feliz e bem tratada pelo seu namorado. Ela quer que o namorado nunca a faça sofrer e se alguma vez isso acontece, mesmo tentando não se intrometer, começa nas suas conjurações mais íntimas, que o melhor mesmo é um namorado de família conhecida, bem formada, em que todos já se conheçam e onde reine a harmonia e a felicidade.

Se é mãe de filho, então aí é a ruína total. Porque para uma mãe de filho, nenhuma namorada – fará mulher – vai estar ao nível o suficiente para o seu tão amado filho. Não é que ela seja impertinente ou exigente, mas é mãe. E o amor de mãe quer sempre o melhor para o seu mais que tudo.  

Ela que está sempre certa. Por amor, é claro.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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