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Sábado, Dezembro 21, 2024

Django Reinhardt | O Quinteto do Hot Club de França

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Em maio de 1931, Django já havia recomeçado a tocar e acompanhava à guitarra o acordeonista Louis Vola.

No verão desse ano, a orquestra de Vola, incluindo Django, apresentou-se com bastante sucesso no Palm Beach, em Cannes. Entre os músicos que Django ouvia nessa altura, estavam Eddie Lang, Joe Venuti, Louis Armstrong e Duke Ellington, todos expoentes do jazz da época, sendo o primeiro um guitarrista. Apesar de não tocar apenas jazz, pois também tocava música russa e temas de dança, Django começou a ser conhecido pelo seu talento a tocar temas de jazz e a improvisar.

Este reconhecimento fez com que frequentasse de forma crescente os círculos sociais onde pontuavam artistas, escritores, músicos e poetas. Apesar do interesse que manifestava, o seu comportamento nunca se chegou a adequar integralmente a este novo modo de vida, nomeadamente no que respeitava ao tradicional nomadismo da sua cultura.

O gosto de Django pelo jazz foi o denominador comum no encontro com Stephane Grappelli, em 1933. O violinista, de formação clássica, havia regressado de uma tournée na Argentina e trabalhava tocando regularmente em cabarés parisienses ou fazendo o fundo musical de filmes mudos. De início, a colaboração entre Django e Grappelli foi esporádica, limitando-se a algumas jamsessions ou sessões de estúdio com big bands.

Por volta do final de 1933 e início de 1934, Django acompanhava a orquestra do cantor Jean Sablon e a do pianista André Eykan, que atuava no clube parisiense Le Perroquet. Uma gravação datada de 16 de janeiro de 1934 marcou a primeira parceria musical efetiva e gravada entre Django e Grappeli. O guitarrista participava também nos grupos de Germaine Sablon e Michel Warlop, tocando pontualmente com Grappeli, que tocava principalmente piano.

Em outubro de 1932, Pierre Nourry e Charles Delaunay, fundaram o Hot Club de França e, em 1934, convidaram Django para tocar com eles. O grupo fez uma audição na editora Odéon, que o rejeitou sob a alegação de ser “muito moderno”. Uma gravação não lançada por esta editora apresentava a formação do grupo com Stéphane Grappelli no violino, Django na guitarra solo, seu irmão Joseph Reinhardt e Roger Chaput nas guitarras rítmicas, Louis Vola no contrabaixo e Bert Marshall no violoncelo. Mesmo sem contrato discográfico, o grupo tocou na École Normale de Musique de Paris “Alfred Cortot” em dezembro de 1934, o que marcou o início do Quinteto do Hot Club de França. Apesar de algumas críticas racistas, dizendo que Django era um palhaço com um bandolim e que soava muito cigano, o concerto agradou e uma nova data foi marcada para fevereiro do ano seguinte.

A formação mais famosa do Quinteto do Hot Club de França contava com Roger Chaput, Joseph e Django Reinhardt nas guitarras (os dois primeiros nas guitarras rítmicas e Django na guitarra solo), Stephane Grappelli no violino e Louis Vola no contrabaixo. Ainda em 1934, no final de dezembro, o quinteto gravou quatro canções com o selo Ultraphone: “Dinah”, “Tiger Rag”, “Oh Lady be Good” e “I Saw Stars”. Em janeiro de 1935, a revista Jazz-Tango escrevia que “Django Reinhardt é comparável aos melhores instrumentalistas americanos”. Django continuou a tocar e gravar com Jean Sablon, Guy Paquinet e Michel Warlop. Em março de 1935, quando Coleman Hawkins tocou com Warlop, Django fazia parte da formação.

Em março de 1935, o quinteto gravou um novo disco, que incluía as canções “Confessin’”, “Lily Belle May June”, “Sweet Sue, Just You” e “The Continental”. Nos meses seguintes foram lançados mais discos, todos gravados na Ultraphone, e uma das canções tornou-se o primeiro êxito do grupo, “Djangology”. No intervalo das gravações do quinteto, Django gravava com outros artistas, como Nane Cholet e Alix Combelle. No seguimento destes discos e do seu sucesso, outras editoras, como a Decca, Gramophone, Swing e HMV também lançaram álbuns de 78 rotações do Quinteto Hot Club de França.

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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