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Sábado, Dezembro 21, 2024

Eliane Elias | Da Bahia para o mundo

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

A tradição clássica encontra a espontaneidade do jazz e da música popular brasileira (MPB) no virtuosismo da pianista brasileira Eliane Elias, que nasceu na Bahia e reside em Nova Iorque. Fundadora dos Steps Ahead, Eliane tem consistentemente explorado fluxos musicais distintos através de suas gravações e espetáculos desde meados dos anos 80. Em 1993, tornou-se uma das primeiras artistas a lançar simultaneamente discos de música jazz e clássica. Apesar de ter iniciado a sua carreira nos anos 80, apenas em 2016 e 2017 recebeu 2 Grammys para melhor disco de jazz latino, sendo hoje reconhecida como uma grande estrela da constelação jazz.

Eliane Elias

Eliane terá herdado algum do seu talento musical de sua mãe, Lucy, uma pianista clássica que costumava tocar em casa discos de jazz. Depois de estudar durante 6 anos no Centro Livre de Aprendizagem Musical em São Paulo, Elaine estudou piano clássico com Amilton Godoy e Amaral Vieira. Logo na adolescência, Eliane compunha as suas próprias peças e tocava em clubes de jazz. Em 1981, na sua primeira tournée europeia, conheceu o baixista de jazz Eddie Gomez, que a convenceu a ir viver para Nova Iorque. Elaine chegou à Big Apple no ano seguinte e foi estudar na Juilliard School of Music com Olegna Fuschi. Pouco tempo depois foi convidada para integrar a formação inicial dos Steps Ahead, um supergrupo de jazz com Michael Brecker, Peter Erskine, Mike Manieri e Eddie Gomez, com quem gravou um disco em 1983.

A sua passagem pelos Steps Ahead deu um forte impulso à sua carreira. Após abandonar o grupo, Elaine começou a colaborar com o trompetista Randy Brecker, com quem se casou e de quem teve uma filha, Amanda. Pouco tempo depois o casal separou-se, mas já em 1985 tinham gravado um álbum duplo, que recebeu o nome da sua filha. No ano seguinte, Eliane iniciou sua carreira como líder de banda, efetuando tournées com dois trios alternativos: um com o baterista Jack DeJohnette e o baixista Eddie Gomez, o outro com o baterista Peter Erskine e o baixista Marc Johnson, seu marido. Pontualmente Eliane adotou um terceiro trio, com Marc Johnson no baixo e Satoshi Takeishi na bateria.

Em 1989 assinou contrato com a Blue Note e lançou o disco “So Far So Close”, onde pontuaram os irmãos Brecker, Eumir Deodato, Peter Erskine, Don Alias e outros músicos de renome. Em 1990, com o seu disco “Eliane Elias Plays Jobim”, introduziu a voz nos seus trabalhos, cantando e tocando piano. Uma voz grave e suave, que não mais deixou de estar presente na sua obra. O ano de 1995 foi particularmente produtivo para Eliane, pois para além de lançar o disco “Solos and Duets”, com a participação de Herbie Hancock, trabalhou no “The Brasil Project” de Toots Thielemans e pontuou como diretora musical do grupo de Gilberto Gil.

No resto dos anos 90 Eliane foi continuando a gravar e a atuar, mas em 2000 teve um novo impulso na sua carreira, atuando com o maestro e trombonista Bob Brookmeyer, à frente da Danish Radio Jazz Orchestra. Em 2002 Elaine deixa a Blue Note e assina pela Bluebird Records, onde lança três discos: “Kissed by Nature” (2002), o excelente “Dreamer” (2004) e “Around the City” (2006). Em 2007 regressa à Blue Note e lança “Something for You: Elaine Elias Sings & Plays Bill Evans”, liderando um trio com Johnson (que tocou com Evans) no baixo e com o baterista Joey Baron. Em 2009 lança “Bossa Nova Stories”, ligando a bossa nova e as suas raízes brasileiras com o piano de jazz, naquele que muitos consideram o melhor disco da sua carreira.

 

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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