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João de Sousa

Quarta-feira, Julho 17, 2024

Os bobos

Num restaurante todos confraternizavam. Uma família de pais, filhas e respetivos cônjuges. Algumas crianças pelo meio, que davam a alegria e a vivacidade ao grupo, que já por si era bem disposto e que comemorava algo, não se sabe se um aniversário ou se alguma outra efeméride de relevância para os presentes. Os casais ali pareciam todos dar-se bem, e uma vez por outra trocavam gestos de carinho que demonstrava que se gostavam e se queriam. A mais bonita das três filhas era a mais carinhosa para com o marido, que correspondia às manifestações de afeto e de atenção da esposa.

De repente, ele se fixa numa outra mesa do restaurante, onde uma mulher se encontrava. A mulher, desprovida de beleza alguma, era o rosto que ele olhava insistentemente, motivo que o faz se transformar por completo, ora dispensando as atenções da esposa que ignorava o que à sua volta se passava, fosse por distração ou concentrada que estava nas conversas com os demais familiares. Aquele homem, que até há bem pouco tempo, parecia um cavalheiro de primeira categoria, se alguém presenciasse a cena com o devido cuidado, via-o converter-se no mais puro galã de quinta categoria. Aquele olhar penetrante, que não desarmava, olhava aquela mulher de uma forma que dizia com o olhar tudo o que um homem podia dizer em matéria de sexo. Desde “você não sabe o que eu seria capaz de fazer com você na cama” a “eu não sou daqueles que precisa de Viagra algum”.

O que esperaria aquele homem, naquele sítio e naquelas circunstâncias? Trocar números de telefone, marcar um encontro para um dia desses, e se verem de novo? Tudo era possível. Ou não, pois muito provavelmente não mais se veriam, pela dificuldade da ocasião.

Fica sempre na interrogação o que leva um homem com uma mulher ao lado tão mais bonita, olhar para outra mulher, incomparavelmente inferior fisicamente? E mesmo que não o seja, o que leva um homem a olhar assim e desta forma? Olhar, apreciando a beleza de uma mulher, é uma coisa. Outra, bem distinta, é olhar com aquele “olhar” de mau caráter e de má índole. São os conquistadores desprezíveis, que apenas pretendem provar aos outros e a si mesmos que são uns machões. E para isso, não pode ver uma mulher sem fazer “aquele” olhar.

De tal forma são merecedores de desprezo que quase se sente pena deles, de tão bobos e tontos conseguem ser por vezes os homens.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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