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João de Sousa

Quarta-feira, Julho 17, 2024

Convivência

O que há de mais difícil na vida e no mundo. Seja com quem for. Com pai, mãe, marido, amigo, conhecido, e até filho. É na convivência que tudo se aflora; os limites à tolerância, a maledicência, os julgamentos, os maus humores. As discórdias fraturantes. Por essa razão, o genial Millôr Fernandes dizia, “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.”

Esquecemos muito facilmente que na maioria dos casos os outros poderão viver sem nós, embora nós não possamos viver sem os outros. Estimemos, pois, a solidariedade e a tolerância para com todos os que connosco se cruzam ou convivem.

É natural que os outros aceitem a nossa palavra amiga, não a nossa censura. Assim como quererão a nossa compreensão, ao invés das nossas exigências. Ninguém necessita das nossas acusações e remoques, mas da nossa fraternidade. Quando deparados com os erros alheios, curiosa é a observação de que, ao emitirmos as nossas opiniões, as justificamos que não compactuamos com os erros. No entanto, quem cai, não precisa de maior tormento do que o próprio insucesso e a própria queda. Ajudar não é desferir pancadas ou fustigar impiedosamente. Ao contrário, é levantar os caídos enquanto as acusações loquazes quase sempre se transformam em graves complicações que em nada e a ninguém auxiliam, quando sabemos que palavras certas e bem situadas, em momento próprio, podem beneficiar e levantar muitos dos necessitados. Condenação impiedosa, nunca. Entendimento fraternal, sem condenação, sempre. Amizade, sim, em todo o tempo e lugar.

E na convivência a dois, entre homem e mulher, dessas uniões que dão certo e nos interrogamos das razões? Se prestarmos a devida atenção, vamos a saber que cada um vive e respeita o espaço do outro, que cada um tem os seus próprios interesses, gostos e passatempos, nenhum querendo viver a vida do outro. A isto se chama respeito pela individualidade de cada um, ter o direito de viver a sua vida, embora em conjunto e em perfeita harmonia. Ter o direito de se divertir, de sair com as suas amigas, ser feliz sozinha, com uma vida e um mundo também só seu, é o caminho mais fácil e o primeiro passo para uma vida a dois feliz junto com o outro.

Viver assim é o apanágio de viver e deixar o outro viver, numa vida de equilíbrio e de muitas felicidades. Está mais do que na hora de entender – e aprender – que o outro não pode nem é obrigado a viver a vida com quem a partilha a tempo inteiro, o tempo todo, como se não houvesse mais ninguém, mais mundo, mais vida.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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