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Quarta-feira, Julho 17, 2024

Regeneração Urbana nas Caldas da Rainha deixou cidade em estado de sítio

Erros nos projectos, empresas de construção falidas, alterações de última hora e vários atrasos, têm marcado as obras de regeneração urbana nas Caldas da Rainha. É o próprio presidente da Câmara Municipal, Tinta Ferreira, quem admite estes problemas

Praça da fruta

“Numa obra desta dimensão e com tanta intervenção no subsolo, dificilmente poderia ser feita do princípio ao fim sem qualquer erro de projecto”, refere o edil caldense, eleito pelo PSD, que salienta ainda o facto de várias empresas envolvidas terem falido entretanto.

As obras deveriam ter sido concluídas no final de 2013, mas uma parte considerável das intervenções ainda está por terminar. A grande parte das obras, mesmo as que foram inauguradas, ainda não foram entregues ao dono da obra, a Câmara Municipal das Caldas, porque nem tudo foi feito ou existem ainda erros a corrigir.

Rua de Camões

A intervenção no centro urbano teve início em 2011 e fazem parte de uma candidatura a fundos comunitários, aprovada em 2009. Com o nome “Caldas, Comércio e Cidade”, o projecto, descrito pela Câmara Municipal, seria “um programa de acção que visa a valorização das áreas de excelência urbana”.

A área de intervenção abrange o centro histórico e comercial da cidade, incluindo a área envolvente ao Hospital Termal, a histórica Praça da Fruta (o único mercado diário a céu aberto do país) e a zona onde coabitam a Câmara Municipal, o Tribunal e outros serviços públicos.

Obra concluída

A obra no largo do Hospital Termal, uma das primeiras a ser concluída, em 2012, revelou-se um desastre, com os veículos automóveis a tomarem conta daquele espaço, sem qualquer intervenção por parte das forças policiais, que alegam existir falta de sinalização para proibir o estacionamento selvagem. A situação envergonha os caldenses, tendo em conta que o Hospital Termal deu origem à cidade e é uma dos seus “ex-libris”, mas a autarquia tarda em apresentar uma alternativa, embora tenha anunciado, há mais de um ano, uma nova intervenção para o local.

A rua de Camões, uma das principais artérias para o turismo da cidade e que se estende ao longo do Parque D. Carlos I até ao Hospital Termal, também está em obras, mas a intervenção já tem um atraso de mais de vários meses. Um pesadelo para os comerciantes daquela rua, mas não só, uma vez que o estaleiro que se instalou naquela artéria prejudica toda a sua envolvente. É também na rua de Camões que se concentram as principais lojas de venda de cerâmica caldense, da mais sofisticada à malandrice, e um dos estabelecimentos mais carismáticos, a Pastelaria Machado.

A Praça da República, onde se realiza o mercado diário, também foi alvo de obras de remodelação, mas apesar dos vendedores terem voltado (cerca de seis meses depois do previsto), ainda há zonas que estas estão por terminar.

Há ainda dois edifícios, o Espaço de Certificação dos Produtos Regionais (que vai no terceiro construtor, depois dos dois primeiros terem falido) e um novo Posto de Turismo, cuja construção se tem vindo a arrastar há mais de dois anos.

No início de Março foi inaugurado, com sete meses de atraso, um novo parque de estacionamento subterrâneo na Praça 25 de Abril, que custou mais de quatro milhões e foi a obra mais cara de todo o projecto, mas uma das ruas principais de acesso ainda está a ser concluída.

A oposição tem sido crítica do projecto desde o início de todo este processo, primeiro por estarem contra as soluções encontradas e depois por causa dos sucessivos atrasos. Recentemente, o CDS local divulgou aquilo que intitulou de “Livro Negro da Regeneração Urbana” onde aponta a falta de estratégia, de planeamento e de prazos. Há quase um ano o CDS e o PS também divulgaram um manifesto conjunto devido a estas obras. Nas reuniões da Assembleia Municipal toda a oposição tem zurzido contra o executivo do PSD pela forma como o processo tem sido conduzido.

Até Junho todas as obras terão que estar concluídas para que a Câmara receba os 80% de comparticipação financeira da União Europeia. O prazo já foi alargado por duas vezes, mas, em alguns casos, parece já ser impossível ser cumprido.

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