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Sábado, Dezembro 21, 2024

58% da população não percebe nada positivo no governo Bolsonaro

O Instituto Datafolha divulgou nesta segunda-feira (22), uma pesquisa na qual 39% afirmam que o presidente Jair Bolsonaro não fez nada de positivo em seis meses de governo. Outros 19% não conseguiram lembrar de nenhum projeto positivo.

“Pelo que se vê, Temer tem razão ao dizer que Jair Bolsonaro é uma continuação de seu governo”, afirma Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Em junho de 2018, o ex-presidente golpista Michel Temer era desaprovado por 82% da população, segundo o Datafolha, com quase 2 anos de governo.

De acordo com Vânia, o atual presidente radicaliza ainda mais “no desmonte do Estado nacional, nos cortes de direitos e importantes conquistas para o avanço civilizacional da sociedade, retrocedendo décadas principalmente para os mais vulneráveis”.

O levantamento do Datafolha feito em 4 e 5 de julho, ouviu 2.860 pessoas com mais de 16 anos, em 130 cidades de todo o país, mostrou que somente 8% dos pesquisados sentiram melhorias na segurança pública e 7% manifestaram apoio à reforma da previdência. A imagem de Bolsonaro deteriora. Somente 4% acreditam que Bolsonaro combate a corrupção melhor que outros governantes.

O prestígio de Jair Bolsonaro está ladeira abaixo e não é à toa.

Quanto mais confiante em sua tática em destinar mensagens ao seu público e desviar do foco de acusações em que se encontra o seu governo, o ainda presidente comete erros que até seus seguidores notam, como essa de menosprezar os nordestinos ou nomear seu filho para ser embaixador brasileiro nos Estados Unidos”.

Foram cortados R$ 31 bilhões em 28 áreas, sendo R$ 5,84 bilhões da educação pública. “E ainda vem o Ministério da Educação (MEC) anunciar um programa chamado ‘Future-se”, que representa um total retorno ao passado e a privatização das universidades federais”, denuncia Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Alia-se a isso a falta de propostas para tirar o Brasil da crise, criar empregos, melhorar a educação e a saúde públicas e diversos outros setores essenciais para a vida do país. “Pelo contrário”, diz Vânia, “a atuação desse governo é um verdadeiro desastre em todos os setores, aprofundando a crise, aumentando o desemprego, a insegurança e acabando com o protagonismo internacional que o nosso país havia conquistado”.

Educação

Análise feita pelo Instituto de Estudos Socieconômicos (Inesc) mostra que a educação tem sido o setor mais atingido pelos cortes orçamentários. Somente neste ano, o Ministério da Educação (MEC) perdeu 5% de seu orçamento.

Os problemas se avolumam com a atuação do ex e do atual ministro da Educação, que “colocam o Brasil em patamares sofríveis com a falta de políticas voltadas para melhorias nesse setor vital para qualquer país”, acentua Francisca que também é secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Para ela, a atuação medíocre do ministro Abraham Weintaub deixa tudo bem pior. “O ministro não sabe nada de educação e trabalha de acordo com os interesses dos grandes conglomerados que só visam lucro e não se preocupam com a qualidade do ensino”.

O Inesc mostra também que a educação perdeu 18,81% de seu orçamento e a Defesa 18,79%. “E tem bolsonarista que já defenderam guerra à Venezuela, o exército mais poderoso da América Latina”, lembra Francisca.

As políticas voltadas para o combate à violência de gênero, para promover os direitos dos povos indígenas também sofreram cortes drásticos aumentando a vulnerabilidade das mulheres dos LGBTs e também o crescimento das grilagens de terras indígenas.

Vânia assinala que “o abandono das políticas públicas para as pessoas mais vulneráveis reforçam a violência e o desrespeito à legislação de proteção dessas pessoas”. Para ela, “os cortes na agricultura familiar e a liberação dos agrotóxicos, prejudicam a produção de alimentos saudáveis para a mesa dos brasileiros”.

Francisca lembra que com os cortes na educação a concessão de bolsa-permanência no ensino superior e o apoio à infraestrutura no ensino básico ficam totalmente comprometidos. “Os cotistas e os estudantes oriundos do ensino público podem ser forçados a abandonar os estudos por falta de condições financeiras”, argumenta.

Dados do próprio MEC informam que apenas 42% das escolas de ensino fundamental no país têm quadra esportiva, 68% têm pátio e 11% possuem laboratórios de ciências. Para Francisca, “as escolas estão abandonadas pelo poder público, o magistério abandonado à própria sorte e os estudantes desestimulados”.

Nota do Inesc afirma que “os cortes de recursos não surpreendem, pois o atual governo advoga sem pudores a expansão do agronegócio e da mineração em terras indígenas. A fragilização de projetos econômicos alternativos como os promovidos pela Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas e dos procedimentos de licenciamento de empreendimentos são imprescindíveis para esse projeto”.

Enquanto Vânia avalia que os decretos determinados pelo governo Bolsonaro e a Emenda Constitucional 95 – que congela por 20 anos os investimentos no serviço público – fazem o Brasil andar para trás. “Daqui a pouco estaremos todas e todos cozinhando a lenha, sendo transportados por carroças, sem atendimento à saúde, sem escolas, sem direitos, sem trabalho, moradia digna, sem nada”.

Por isso, diversos movimentos sociais chamam um protesto para o dia 13 de agosto.

Uma data importante para irmos às ruas combater a reforma da previdência e defender a educação pública e o fim dos retrocessos, afinal o Brasil não pode sucumbir a um governo despreparado e entreguista”.


por Marcos Aurélio Ruy  | Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado


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