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Quarta-feira, Julho 17, 2024

“Não sou o candidato da direita”, diz Marcelo Rebelo de Sousa

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Apesar de ser militante do PSD e de já ter exercido a sua liderança, Marcelo Rebelo de Sousa apresenta-se a estas eleições como “independente” e procura afastar a ideia de que é o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Em debate com Edgar Silva, na RTP, não recusou as “recomendações de voto” desses partidos, mas garantiu que não se sente nada vinculado por elas. Caso seja eleito, tenciona exercer o seu mandato com “isenção”, pelo que se quem lhe deu o apoio pensava que iria dissolver um Governo que “tem legitimidade parlamentar” está enganado.

Marcelo Rebelo de Sousa procurou afastar o máximo possível a sua candidatura do PSD e do CDS e assumiu que “não sou o candidato da direita”. Lembrou que, enquanto comentador, foi, em determinadas circunstâncias, muito crítico do Governo, o que fez com que a estratégia seguida nos últimos dois anos pelo seu próprio partido para as presidenciais não tenha passado por si. E, quando lançou a sua candidatura, “ainda não havia recomendação de voto e não era líquido que houvesse, olhando para o historial nessa matéria”.

Para Edgar Silva, este tipo de afirmações não é mais do que uma forma do seu adversário tentar “dissimular e esconder os apoios de Passos Coelho, Paulo Portas, do PSD e do CDS”. É uma pura questão táctica, acusou, usando para o justificar declarações feitas nesse sentido pelo líder do PSD. Adaptando a este caso uma expressão usada por pescadores, o que Marcelo está a fazer é  utilizar a “arte do engodo, a tentar atrair e aliciar o pescado”. O ex-comentador é, no fundo, um autêntico “mestre do disfarce”, defendeu o candidato apoiado pelo PCP.

Caso seja eleito, não tem dúvidas que Marcelo vai procurar, no essencial, “manter a lógica dos mandatos de Cavaco Silva na Presidência da República”, uma vez que em causa estão “as mesmas políticas, a mesma natureza e a mesma lógica de continuidade”. Aliás, recordou, “não foi obra do acaso que Cavaco Silva o terá escolhido como seu conselheiro de Estado”. Marcelo rejeitou a acusação e confidenciou que, quando convidado para o cargo, terá avisado Cavaco Silva que o iria criticar muitas vezes, o que terá feito, quer nas reuniões daquele órgão, quer enquanto comentador político

Um tema que, praticamente, em todos os debates tem marcado presença é o dos bancos. Também este não fugiu à regra, com os dois candidatos a dizerem o que pensam sobre a hipótese de venda do Novo Banco. Marcelo Rebelo de Sousa defende que deve ser vendido “se as condições forem minimamente positivas”, enquanto que Edgar Silva entende que deve ficar na esfera pública.

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1 COMENTÁRIO

  1. […] Porém, e porque Portugal tem sempre prioridade, enquanto não se faz a restauração há que ser pragmático e, perante a realidade, as situações, deve-se adaptar e actuar, se não pelo ideal e pelo preferível, então pelo mal menor, neste caso na escolha do próximo Chefe de Estado. E, a 24 de Janeiro, a opção, ou opções, não oferece(m) dúvidas: todos menos Marcelo Rebelo de Sousa. Para um cargo uninominal como o de Presidente da República, o carácter importa e interessa, pelo menos, tanto quanto a ideologia. E Marcelo não o tem; ele é, ou pode, ser, dizer e fazer tudo e o seu contrário; ninguém duvida de que o crónico comentador é capaz de mentir, de se contradizer, constantemente, consoante as circunstâncias e os contextos; a hipocrisia é a sua segunda natureza. Para o demonstrar, nem é preciso recuar muito no passado e ir buscar o episódio de uma certa sopa que se serve fria. Já na presente campanha eleitoral, ele: desmentiu ter considerado inconstitucional a rejeição, pelo Tribunal respectivo, do Orçamento de Estado para 2012, apesar de existir uma gravação que demonstra o oposto; manifestou-se favorável à adopção por «casais» do mesmo sexo, apesar de continuar a declarar-se cristão, católico, que reza «o terço todos os dias»; e assumiu-se como estando na (ou vindo da) «esquerda da direita», apesar de, uma semana antes, ter garantido que «não sou o candidato da direita». […]

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