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Sábado, Dezembro 21, 2024

Lambem-me estes cardápios dos tudos

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Não sei que bandeira ostentar. Se a minha ou a que me impuserem os andros, os tais que descrevo quando me perdia nas alamedas de lisboa e apenas me encontrava pelos lados do sul, já depois dos rios que eram apenas o único, o que descrevo e repito como sendo de águas fluentes do oriente como dizia Pessanha.

Na primeira fila aqueles sempre ruidosos silêncios, nascerá quem sabe o divino no vidro das planícies dos forasteiros fardados com batas brancas para encantos quem sabe de perder de vista. Lá mais para trás vozes caladas nada dizem, sorriem apenas o que ninguém entenderá nunca, nem eles, os tais voadores do deserto enquanto Jesus declama poesias de Pessoa numa figura espalda e robusta mais parecendo ser Ele mesmo.

O meu âmago dispersa, vai, volta e nunca para. A estrada é ruidosa e o trânsito transmute o vagaroso do êxtase, este derradeiro cansaço, aglomerado de montes e montes de corpos estendidos quem sabe para uma vala comum dos imortais para racionais impacientes.

A minha pele range. Nem rugidos famintos naquele alicerce de madeiras decoradas e envernizadas como fazem, dizem, lá para os lados de New York City, coisa horrível, aqui vivo numa estampa de zincos cinzentos que queimam logo pela manhã, basta o abrasador calor acordar.

E como se estivesse numa sala de cinema mas não estou, detesto filmes que apenas disfarcem imagens mal disfarçadas passo o pleonasmo, subo para cima das estepes, talvez veja melhor o olimpo discursar o destino dos cansados.

A lanterna dos lugares marcados, como me irrita isso. Levanto-me sem que ninguém se perceba e saio para o interior de todos os lá fora agrimensados, sentados nas plataformas do nada para pensar vagarosos idos e vindos e retidos e fantásticos ventos que só a vida sabe dar e mesmo essa mata, sim, ela fica farta de tantos poetas a escreverem súbditos para ninguém entender.

Soletro passo a passo cada folha em branco. Restos ainda dos que me apelidam. Sou aquele que nunca foi. Sinceramente, sabia disso, embora nunca me tivesse confessado a ninguém, nem mesmo ao padre santo lá da paróquia do subúrbio ébrio das minhas ente-mentes. Viverão certamente nos cardápios de todos os nadas e inexistentes escritos de qualquer restaurante já desaparecido.

Não sei que bandeira ostentar. Se a minha ou a que me impuserem os andros, os tais que descrevo quando me perdia nas alamedas de lisboa e apenas me encontrava pelos lados do sul, já depois dos rios que eram apenas o único, o que descrevo e repito como sendo de águas fluentes do oriente como dizia Pessanha.

Lia orpheus num barulho ensurdecedor e nada entendia, bebia cálices de vento tal a vontade de sentir o fresco do vazio, o tal, quem sabe, o único que me preenche mesmo nada eixando-me na cabeça envidraçada de reflexos nas vitrines dos mar a sul de lisboa, do bugio, esse farol que tantas vezes me iluminou a desgraça feita risos no rosto da Graça. Mais acima o quartel de tropas coitados num desfiladeiro de cabelo rapado cumprir ordens e o capitão enfurecido rosna raivas suculentas como um limão argentino plantado no quintal dos meus tios que morreram já de tédio e velhice e sei lá que mais.

Sabes, vou deixar-me aqui estar, tenho a minha caserna ainda disponível, e, quem sabe, votar a deitar-me naqueles cobertores mal cheirosos e fastidiosos de verdume e estrume raios me partam a vida!


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