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Sábado, Dezembro 21, 2024

7 de Setembro – a independência em benefício dos brasileiros

José Carlos Ruy, em São Paulo
José Carlos Ruy, em São Paulo
Jornalista e escritor.

Aos 197 anos da Independência, o Brasil enfrenta a ameaça recolonizadora que impõe a luta pela nova Independência do país.

É ocioso dizer mas a lembrança se impõe quando se comemoram os 197 anos da Independência brasileira nestes tempos de tanta agressão contra a soberania nacional. Não basta colorir-se de verde e amarelo para a comemoração. O verde e amarelo da bandeira, que tingem a camisa da seleção canarinha, são as cores dos brasileiros, e servem de insígnia não apenas a sentimentos nacionais mas sobretudo à defesa dos interesses dos 210 milhões de pessoas que nasceram e moram em solo pátrio.

O verde e amarelo são as cores nacionais desde os tempos da Independência – foram instituídos onze dias depois do 7 de setembro, por decreto de D. Pedro I, em 18 de setembro de 1822, fazendo do verde e amarelo, desde então, as cores da independência do Brasil.

Não importa que, na origem o verde fosse a cor da Casa de Bragança (de D. Pedro I), e o amarelo da casa de Habsburgo-Lorena (da imperatiz D. Leopoldina).

Com o tempo as cores escolhidas ganharam novos significados, que ainda prevalecem – o verde são nossas matas e o amarelo é a cor das riquezas do país. E que hoje, sob o mandatário de direita Jair Bolsonaro são as cores que simbolizam o flagrante desrespeito à soberania e às riquezas brasileiras, cometidos por um governante que não se peja de prestar continência a outra bandeira, listrada de vermelho e branco, a bandeira dos EUA.

Na Amazônia, o incêndio da mata destrói o verde da bandeira; a alienação de riquezas brasileiras, como o petróleo do pré-sal, e de empresas estratégicas para o desenvolvimento do país (como a Petrobras, Correios, Casa da Moeda, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e a extensa lista daquelas que estão na mira da dupla Jair Bolsonaro-Paulo Guedes) compromete o amarelo da bandeira.

Defender as cores verde e amarela é defender o povo brasileiro, representado por aquelas cores. Defender seus direitos, seu bem estar, a melhoria de suas condições de vida. Não basta bater o peito e proclamar “sou brasileiro” e “verde-amarelo”. É preciso transformar as palavras e cores em ações – defender o Brasil e as cores nacionais é defender concretamente os brasileiros, a soberania e as riquezas do país. É defender a democracia e o Estado Democrático de Direito e a participação política livre e autônoma dos brasileiros na luta por mais e melhores direitos. A soberania nacional é a soberania do povo, esteio da democracia. É por isso e para isso que uma nação é livre, independente e autônoma.

Quando a Independência do Brasil foi proclamada, em 1822, foi movida pela defesa da autonomia, já conquistada ainda sob o Reino de Portugal, defesa do comércio exterior dirigido por brasileiros, defesa do controle brasileiro sobre as riquezas nacionais. Alguns passos nesse sentido já haviam sido dados antes, pela própria Coroa portuguesa que, ao fugir da invasão francesa, em 1808, transformou o Rio de Janeiro na capital do Império e, em 28 de janeiro de 1808, abriu os portos para as nações amigas. Autonomia reforçada quando o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido, em 16 de dezembro de 1815. Embora não significasse independência política, foram mudanças que alteraram profundamente o caráter colonial da situação brasileira. Foi a ameaça a esse novo estatuto alcançado pelo Brasil, significada pela intenção recolonizadora das Cortes de Lisboa, em 1822, que precipitou a ruptura política entre as duas nações, que ocorreu finalmente em 7 de setembro de 1822.

Politicamente independente, os brasileiros tiveram que lutar muito, nestes 197 anos desde o 7 de Setembro de 1822 – lutar para defender a independência e soberania do país sob o Império como, por exemplo, na chamada Questão Christie, entre 1862 e 1865, quando defendeu-se de ameaças britânicas. Lutar contra a ofensiva nazista que afundou navios na costa brasileira, entre 1941 e 1944. Lutar para defender o petróleo brasileiro na campanha “O Petróleo é Nosso!”, nas décadas de 1940 e 1950 – são apenas alguns dos principais eventos em defesa da soberania e da independência nacionais.

Hoje o Brasil enfrenta a grande ameaça contra sua soberania e independência, figurada na atitude subalterna do governo de direita de Jair Bolsonaro, e sua submissão às exigências imperialistas do governo dos Estados Unidos da América. Que repõem, com força, na pauta de personalidades e organizações democráticas, progressistas e patrióticas, a luta pela nova Independência do Brasil – que vá além da independência política e seja econômica e social, em benefício de todos os brasileiros.


Texto em português do Brasil


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