Tenho seguido os textos de Lee Fang, jornalista que em 2012, co-fundou o RepublicReport.org, um blog que investiga e divulga a corrupção política, que divide conteúdos com o The Intercept, TheNation.com, Salon, National Memo, BillMoyers.com, TruthOut e outros meios de comunicação.
Foi depois de ler os textos dele que escrevi esta súmula, pois, ignorados por jornais e televisões ditas “normais” e a estes escritos que temos de recorrer para saber o que realmente se passa.
David Koch, o bilionário da indústria de combustíveis fósseis, faleceu em 23 de agosto aos 79 anos de idade. Com o irmão Charles, passou metade da vida ativa a construir uma estrutura de poder político, que reformulasse de forma radical a sociedade americana e propiciou a eleição de Donald Trump.
Ajudou a organizar uma oposição mobilizada para enfrentar cientistas que alertavam para alterações climáticas, para mudar leis eleitorais que permitiram gastos secretos dos multimilionários e lutou sistematicamente contra qualquer regulamentação, reforma trabalhista ou tributação que ameaçasse as elites americanas.
A cereja em cima do bolo do falecido Koch é um Trump sentado na Casa Branca.
Embora inicialmente Trump se risse dos manos Koch, chamando-lhes de globalistas, foi com a estratégia deles que Trump cereja deslizou para o topo do pudim. Os betinhos Kochs funcionam como um partido político de gestão privada, através do “Americans for Prosperity”, que conta com mais de 650 funcionários, destacando/os , para os estados alvo onde fazem eleger eleitores republicanos. Equipes trabalhando em porta a porta e por telefonemas mostram-se ágeis e persistentes obtendo excelentes resultados. “Americans for Prosperity” é uma das mais influentes e reverenciadas organizações conservadoras dos USA.
Inclusive quase no final da campanha, os dólares dos Koch pagaram anúncios de televisão no Rust Belt, em estados cruciais como o Wisconsin e Pensilvânia, e destruíram o que restava da má imagem da Hillary Clinton. Os irmãos Koch gastaram 4,3 milhões dos seus dólares só no Wisconsin, com anúncios na televisão para derrubarem derrubar os democratas Russ Feingold e Clinton, um comportamento mantido em outros estados vitais para Trump ser eleito.
O Wisconsin, foi transformado num estado laboratório para a direita radical. Antes era um estado democrático e progressista.
O poder exercido pelos Koch, a portas conventuais fechadas, sustentado e sustentando grupos de pressão e grupos de reflexão sobre poder financeiro obscuro causou curiosidade.
Na gala anual dos “Americans for Prosperity” em 2009, foram feitos vídeos e gravações. O espaço dos acontecimentos foi transformado num salão de convenções presidencial em miniatura, cheio de cartazes verticais entre as fileiras de convidados, para representar os vários estados .Os presentes eram agentes pagos e papagaios falantes que construíram uma narrativa dirigida à sociedade democrática e à sociedade apática. Durante quatro horas, políticos e especialistas republicanos proeminentes usaram o microfone, seguidos pelos funcionários da “American for Prosperity”, para cantar louvores ao Koch, que estava no salão. Enquanto cada funcionário se levantava para explicar o que havia conseguido em seu nome, eles obedientemente dirigiram-se ao bilionário como “Sr. Presidente.”
A mesma máquina política permanente foi empregue com êxito por Koch para ajudar a criar o movimento do “Tea Party” da Sarah Palin, o que fez a transição perfeita para a órbita de Trump.
Já na campanha do Presidente Obama estas estratégias sujas tinham sido utilizadas. E continuaram a seringar durante os anos da sua presidência.
Mark Block,funcionário do “Americans for Prosperity” no Wisconsin, visível e audível no vídeo do C-SPAN relatando o sucesso na mobilização de manifestações anti-Obama,foi o primeiro a apresentar os serviços da Cambridge Analytica a Steve Bannon, de acordo com um relato de denunciantes.
Não será de admirar que grande parte da administração de Trump se tenha focado com tanta facilidade nos objetivos dos manos Koch: desregulamentação, cortes de impostos e nomeação de juízes favoráveis aos interesses das empresas. Numa nota divulgada à rede de doadores de Koch, no ano passado, foi feita a listagem de vitórias ambientais e judiciais registadas pelo governo, incluindo a saída dos USA do acordo climático de Paris e a nomeação do juiz Neil Gorsuch para a Corte Suprema.
Democracia, onde estás?
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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