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Domingo, Novembro 24, 2024

O Nordeste da Síria e a Primavera da Paz

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Havrin Khalaf, uma política curda, uma mulher jovem, politicamente ativa, foi morta no sábado dia 12 de outubro, no nordeste da Síria por um grupo ainda não identificado, enquanto a luta entre as forças turcas e curdas continua. A ala política das forças lideradas pelos curdos alegou que seus assassinos eram mercenários “apoiados pela Turquia”.

Era secretária geral do Futuro Partido da Síria, famosa pela defesa dos direitos das mulheres.

De acordo com notícias transmitidas pela imprensa curda, (Rudaw.net) através da jornalista  Hannah Lynch.

Havrin foi morta quando seguia na estrada para Qamishli. Uma morte ignorada pela imprensa ocidental.

Inicialmente havia a hipótese de o carro ter sido atingido por forças turcas. As Forças Democráticas da Síria (SDF), liderada pelos curdos, no nordeste da Síria, também culpou a Turquia por sua morte. Na noite de sábado, a Syrian democratic Council afirmou que Khalaf e seu motorista foram “executados” por forças apoiadas pela Turquia.”Ela teria sido obrigada pela força a sair do carro num ataque apoiado pela Turquia e executada por facões mercenárias apoiadas pela Turquia na Estrada Internacional entre Qamishlo e Manbij, onde seu motorista também foi assassinado. Mas a agência curda síria ANHA, ligada ao principal grupo curdo do SDF, as Unidades de Proteção do Povo (YPG), disse que os militantes do Estado Islâmico (ISIS) foram responsáveis por sua morte. O futuro Partido da Síria foi criado em março de 2018. O lema, “Síria democrática, pluralista e descentralizada”.

O partido procura ter membros de grupos étnicos e religiões várias e múltiplas e construir relações com a Turquia e o Iraque.

Khalaf dava prioridade  às questões das mulheres no canto nordeste da Síria.

Em setembro participou de um fórum de mulheres tribais em Tabqa, na Síria, onde manifestou orgulho pelo progresso que as mulheres fizeram no nordeste da Síria sob a administração liderada pelos curdos.

Essa “enorme reunião de mulheres é uma evidência de que as mulheres conseguiram sair da concha ou deixar de se esconder atrás da máscara”, disse ela à ANHA nesse primeiro encontro.

Ancara considera o SDF uma organização terrorista e quer afastar as forças curdas da região de fronteira para estabelecer a chamada “zona segura”. O governo curdo acusa a Turquia de querer forçar mudanças demográficas de suas cidades e vilarejos.

A Turquia e os aliados que tem no terreno, descendentes das forças treinadas e armadas pelos USA, chamam a esta ofensiva ao nordeste sírio Primavera da Paz.

A ONU estima que 100.000 civis já foram deslocados das suas casas após três dias de ofensiva da Turquia.

Relatos de civis  mortos nos dois lados da fronteira. Há que nos cheguem As papoilas vermelhas de sangue no meio do oásis continuam a florescer. O Crescente Vermelho Curdo menciona 14 civis mortos e dezenas de feridos.

Jornais turcos também relatam oito civis mortos em ataques com foguetes e morteiros no lado turco da fronteira.

Também no   sábado de manhã, uma jovem mãe foi morta por um atirador especial em Qamishli, segundo os repórteres de Rudaw na cidade.

Chamava-se Iman Mohammed Omer, tinha 24 anos, fora comprar pão para sua família, o tal pão sírio.

O conflito militar também aumentou a ameaça de que o ISIS possa regressar à Síria, aproveitando a mudança de foco do SDF em direção à fronteira com a Turquia. Cinco militantes do ISIS escaparam de uma prisão perto de Qamishli na sexta-feira, e, certamente por coincidência,poucas horas depois que o ISIS explodiu um carro-bomba na cidade.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a Turquia continuará com a ofensiva, independentemente da desaprovação universal. “Nunca pararemos este passo que tomamos contra o PYD / YPG”, disse ele na sexta-feira falando do principal partido político curdo e das forças armadas do norte da Síria. “Não vamos parar, não importa o que alguém diga.”

 


Hannah Lynch é repórter  com interesses  em questões humanitárias e ambientais, além de cultura. Editora  na Rudaw Media Network, Erbil, Kurdistão.
http://www.rudaw.net


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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