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Sábado, Dezembro 21, 2024

O Museu de Aleppo e o Hotel Baron dão lições de história

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

O Museu Nacional de Aleppo reabriu agora as portas para visitantes e arqueólogos após oito anos de encerramento por causa  da guerra civil/terrorista na Síria.

Museu Nacional de Aleppo

Localizado muito perto do Baron Hotel que foi reconstruido pelos irmãos arménios Onnig eArmenak Mazloumian sobre as anteriores instalações do Ararat Hotel do século XIX. Durante o mandato francês, a rua onde o Le Baron foi construído recebeu o nome de rua General Henri Gouraud. Após a independência da Síria em 1946, nome da rua passou a ser Baron pela fama do hotel. O hotel reflete as mudanças que ocorreram no país. É um dos hotéis mais antigos e notáveis do Médio Oriente. Dir-se -ia que o próprio hotel e as suas vetustas paredes são testemunhas dos horrores da guerra mas também dos tempos em que Aleppo era uma grande cidade cheia de vida e de comércio.

Gevork Papiryan, um escritor de origem arménia atualmente residente nos EUA escreveu um romance chamado Hotel Baron que relata acontecimentos da segunda guerra mundial quando o Hotel era ninho de espiões de todo o mundo.

Também Agatha Christie refere o hotel no Crime do Expresso do Oriente.

Em Novembro de 2014 o Hotel Baron fechou portas. A linha de frente que separava as forças rebeldes e do governo ficava a poucos metros do prédio. Durante algum tempo, o hotel reabriu apesar da gravidade das condições de guerra. Terá sido aberto aos refugiados que chegavam fugidos dos combates. O hotel sofreu desgastes da guerra.

O destino, por ex, do gigantesco termómetro Stephens de 1917 é desconhecido.

Mas voltemos ao Museu de Aleppo

“A reabertura do museu para exibir 50 mil peças dos seus tesouros arqueológicos é o retorno à vida deste museu único, bem como uma mensagem de paz, amor e conhecimento para confirmar que o povo sírio triunfou sobre o terrorismo, agressividade e injustiça”, disse o Director Geral de antiguidades e museus, Dr. Mahmoud Hamoud, num comunicado à imprensa.

O trabalho de reabilitação do museu foi realizado em cooperação com o Japão e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Vários arqueólogos estrangeiros participaram da abertura, e sublinharam que a abertura  do museu é parte do processo de reconstrução que a Síria.

O Museu Nacional de Aleppo tem uma importante memória humana e cultural e um valor arqueológico e patrimonial. Testemunha única do desenvolvimento da cultura e civilização da Síria ao longo dos tempos dos aramaicos, assírios, caldeus e fenícios.É uma das instalações arqueológicas mais importantes do mundo,com peças  de AC. Visitá-lo é ter uma vívida lição de história antiga.

Construído em 1931, posteriormente mudado para instalações mais modernas  inauguradas em 1972.

Inclui em destaque os seguintes  períodos históricos: “Antiguidades pré-históricas”, “Antiguidades sírias das eras orientais”, “Antiguidades sírias clássicas”, “Antiguidades árabe-islâmicas” e “Arte moderna”.

Estas secções exibem magníficas exposições de escultura, gravura e decoração. Nos dois pátios interiores  enormes estátuas de basalto de alguns deuses antigos, escritos hieroglíficos hititas do primeiro milénio AC,  estátuas e mosaicos romanos do século III DC.

A famosa estátua de um deus de bronze dourado que remonta ao II milénio de AC.

Museu Nacional de Aleppo tal como o seu vizinho Hotel Baron foi exposto a danos materiais durante a guerra terrorista, pois foi alvo de dezenas de foguetes e morteiros enviados por terroristas.

Espero poder voltar ao Hotel Baron, onde estive alojada em 2009 e onde espero reencontrar Rubina Mazloumian, a proprietária.

Hotel Baron

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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