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Segunda-feira, Novembro 4, 2024

“A Biografia da Nação”, uma obra necessária para entender o Brasil

A leitura do livro Biografia da Nação merece entrar para aquela lista de obras preferenciais para toda pessoa que queira compreender de modo mais profundo o que é o Brasil, como foi possível ao povo e às principais forças políticas e econômicas construir uma das maiores nações do mundo, considerando o período histórico iniciado a partir da invasão e ocupação dos portugueses, na esteira do processo de expansão da Europa, singelamente conhecido como “As Grandes Navegações”.

Biografia da nação, história e luta de classes, tem a marca registrada do seu autor, o jornalista e pesquisador marxista José Carlos Ruy: o manejo de conceitos e instrumentos fundamentais do marxismo como a Luta de Classes e o Materialismo Histórico e Dialético, não apenas como referenciais teóricos, mas como verdadeiros equipamentos da ciência histórica e social para analisar o desenvolvimento do Brasil à luz do estudo de uma vasta bibliografia que remonta à fantástica carta descritiva de Pero Vaz de Caminha sobre a chegada da esquadra Cabralina em 1500. O livro é, portanto, também, uma deliciosa viagem pela produção literária de gerações a fio de portugueses, estrangeiros e, especialmente, de brasileiros – desde as primeiras gerações de descendentes dos primeiros colonizadores lusitanos que se aventuraram por aqui. Uma viagem que abrange praticamente todos os matizes e variantes ideológicos que nortearam aqueles (as) que escreveram sobre o Brasil. É um livro sobre livros e sobre as variadas interpretações sobre o que foi o Brasil, sobre o que era o nosso país e suas perspectivas futuras quando analisado pelas “penas” dos diversos escritores, historiadores, pensadores, com particular acento no estudo sobre como o pensamento marxista brasileiro buscou compor uma visão sobre o nosso desenvolvimento, contradições, lutas, limites e potencialidades.

Mas o grande mérito do livro não são as referências bibliográficas, uma “biografia da biografia” mas a efetiva compreensão sobre a enorme complexidade envolvida na construção do Brasil como nação. Sendo inicialmente uma colônia clássica do tipo “por exploração”, destinada a ser um anexo da economia portuguesa, fornecedora de produtos agrícolas e ouro para Portugal – processo que nos aproxima de modo profundo às demais nações da América Latina, resultantes do mesmo processo histórico – o Brasil superou Portugal a partir de um determinado momento em pujança econômica. E a partir daí vivenciou-se nestas terras tropicais lutas renhidas, complexas, envolvendo as classes sociais fundamentais – senhores de engenho e escravos e burguesia e proletariado – mas também a profunda dicotomia crescente entre colônia e metrópole, país independente e imperialismo, tudo isso emaranhado às lutas entre facções, segmentos, frações das classes dominantes entre si pelo controle do Estado, colonial e, posteriormente, nacional. Um livro, enfim, para ser lido, relido, estudado.

Por Altair Freitas | Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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