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Domingo, Dezembro 22, 2024

A celebração da primavera iraniana

Paulo Casaca, em Bruxelas
Paulo Casaca, em Bruxelas
Foi deputado no Parlamento Europeu de 1999 a 2009, na Assembleia da República em 1992-1993 e na Assembleia Regional dos Açores em 1990-1991. Foi professor convidado no ISEG 1995-1996, bem como no ISCAL. É autor de alguns livros em economia e relações internacionais.

O equinócio da Primavera é celebrado como o início do novo ano em vastas regiões da Ásia ocidental, central e meridional há pelo menos três mil anos por povos de várias etnias e no contexto de várias tradições religiosas.

Mas é no Irão que os festejos têm maior significado, tanto pelo facto de a celebração ser comum à maioria dos seus grupos étnicos (persas, azerbaijaneses, curdos, baluques, talyshis, luristanos, tatis, mazandarinos, etc.) como por ser um dia feriado.

A teocracia iraniana tentou proibir a celebração do novo-ano no início da ditadura religiosa, mas teve que desistir, limitando-se a tolerar os festejos embora tentando limitar o seu âmbito.

A celebração do novo ano começa na última quarta-feira do velho ano com um cerimonial de salto sobre a fogueira – que faz lembrar a nossa celebração do São João – em que cada um pede ao fogo que lhe tire a sua velha cor invernosa e lhe dê novas cores e prolonga-se por um sem número de festividades. Os onze primeiros dias do Novo Ano são dedicados a visitas à família, amigos e vizinhos, a começar pela pessoa mais respeitada da família.

Os iranianos têm tanto direito à sua história, à sua dignidade e à sua liberdade como todos os cidadãos do mundo

Na sua recente mensagem ao Congresso americano, a Presidente do Conselho Nacionalda Resistência Iraniana, Maryam Rajavi, disse-nos que:”para os iranianos o Nowruz contém uma mensagem simples e clara: a primavera da liberdade é inevitável. Pode ser adiada, mas não pode ser parada. Para o povo iraniano, o Nowruz traz uma promessa: o fim seguro da ditadura religiosa e a vinda da liberdade e da democracia. O nosso povo reprimido merece viver numa sociedade livre e democrática, que é também a chave para a paz e estabilidade na região. É esta a única forma de extirpar o fundamentalismo islâmico como uma ameaça global”

São votos a que nenhum democrata e defensor dos direitos humanos pode ficar indiferente. Os iranianos têm tanto direito à sua história, à sua dignidade e à sua liberdade como todos os cidadãos do mundo, e aqueles que em Portugal partilham sinceramente desses valores fazem naturalmente seus os votos de Maryam Rajavi de uma primavera democrática iraniana.

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