É sabido que a CIA tinha avisado em tempo para os atentados jihadistas de Barcelona, ora parece, corre por aí em certos meios, que também terá alertado para os letais incêndios de meados deste Outubro. A ser verdade… Tal como corre também que, desencadeados a poucas horas da aproximação do furacão “Ophelia” da costa portuguesa (o que garantia rajadas de vento a 100 Kms/hora…), esses incêndios poderiam ter feito não umas dezenas mas sim largos milhares de mortos.
Felizmente, António Costa terá tido também a protecção do S. Pedro e o “Ophelia” acabou por se dirigir às ilhas britânicas por um percurso mais a direito que o previsto, afastando-se da costa portuguesa. E assim nos safámos do inferno e o respectivo diabo não chegou.
A questão é, porém, mais vasta. Os fogos de Verão não são o problema, são apenas um revelador do problema.
E o problema é que há 50 anos que o Estado Português não sabe que fazer com dois terços do território do Continente e suas populações (tornadas residuais após o grande êxodo de milhões de portugueses que fugiram da miséria de uma agricultura de subsistência, depois do fim da II Guerra, num movimento acentuado durante as guerras africanas dos anos sessenta e concluído pelo “25 de Abril”).
Até tem havido governos (recentes…) que usaram tal território e suas gentes como “variável de ajustamento”… E lá mandaram cortar escolas, repartições, esquadras, tribunais e sei lá que mais!
A responsabilidade de 50 anos de insanidade política e vácuo de pensamento estratégico não é, obviamente, desses 2/3 do território continental português e das suas gentes!
Obviamente é função e responsabilidade do Estado responder (com urgência!) a essa velha questão de saber que fazer (e saber fazê-lo…) com esses 2/3 do território continental e seus habitantes.
Função e responsabilidade em que falha há demasiado tempo mas em que não pode continuar a falhar sob pena de passar a ser visto e considerado como “estado falhado”.
Segue texto escrito pelo General na reserva da Força Aérea, Vitor Cunha:
Vozes Lúcidas e Corajosas
Começa a ser muito difícil olhar para estes fogos como se fossem todos eles produto de causas naturais ou de incendiários loucos ou doentes. A coisa tem, inclusivamente, contornos demasiado odiosos para ser obra do chamado lobby dos fogos. Não, por mim deixei de ter dúvidas, isto faz-me lembrar os incêndios às sedes do PCP por esse país fora (sobretudo a Norte, também), no Verão quente de 1975, com o intuito de enfraquecer e derrubar o poder político da época. Repito: não tenho hoje grandes dúvidas que estes fogos são obra de gente a soldo de quem está interessado em derrubar este poder político. Não sejam ingénuos, as pessoas são extremamente activas nestas actividades, sobretudo quando não lhes restam grandes alternativas no plano da luta política. Se assim for, não há que fugir ao desafio: os serviços de informação da República têm que cumprir o seu dever, o esforço de pesquisa deve ser orientado para a detecção dos interesses que enunciei, as forças de segurança, com a colaboração das forças militares, devem manter um dispositivo permanente de vigilância orientado pelas informações que forem recolhidas. Há que lidar com este inimigo implacável de uma forma igualmente implacável.
Se o leitor ainda achar que estou a exagerar, note apenas o seguinte: este fim de semana, atendendo à chuva prevista para os próximos dias e à chegada de tempos mais húmidos e com menores temperaturas, era a ultima oportunidade de provocar danos físicos graves e, eventualmente, danos políticos na “geringonça” … Viu-se o que aconteceu, acha o leitor que foi apenas coincidência?
E então, vamos continuar a fingir que todos estes fogos não são acções inimigas do actual poder político? Vamos continuar a ter medo de chamar os bois pelo nome?
Segunda-feira, 16 de Outubro de 2017
as palavras são armas