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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

A Costureira, Jean-François Millet

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

O POVO NA ARTE

Esta mulher não sendo uma camponesa (que ele tanto pintou), patenteia a sua robustez, o que pode intuir uma alteração psicológica entre as duas mulheres.

Observador atento da natureza e dos homens, nunca lhes terá, todavia, descoberto o seu aspecto alegre. Não conseguindo interpretar quais as razões objectivas daquele “cinzentismo”, como o fazia, por exemplo, o pintor contemporâneo, marxista, Courbet, sabia, contudo, que não devia de ser por complacência bucólica porque enveredavam as suas representações figurativas, normalmente com as cabeças e os olhos para baixo.

Esta mulher não sendo uma camponesa (que ele tanto pintou), patenteia a sua robustez, o que pode intuir uma alteração psicológica entre as duas mulheres. Esta mantém a cabeça baixa, mas pode ser devido ao tipo de trabalho que executa. Há uma evolução estrutural da composição. Propõe um ligeiro abandono dos tons terrosos, procura aclarar um pouco a sua paleta, em que aparece o azul bem definido e um vermelho a espreitar.

Esta pintura é ligeiramente mais escura vista ao vivo, mas não consegui arranjar uma fotografia com a cor mais exacta.

Jean-François Millet  1814–1875

Pintor francês conhecido pelos seus quadros sobre temas campestres, passou a sua juventude a trabalhar a terra mas, aos 19 anos estudava arte em Cherbourg. Em 1837 chegou a Paris e ter-se-á matriculado no estúdio de Paul Delaroche onde terá permanecido até 1839.

Depois de ver rejeitada uma das suas inscrições para o Salão de 1840, Millet voltou a Cherbourg onde permaneceu durante grande parte do ano de 1941, pintando retratos.

Obteve o seu primeiro sucesso em 1844 com Laitière normande à Gréville e um pastel de grande dimensão, La leçon d’équitation, que tem um carácter sensual tal como grande parte da sua produção nos anos de 1840’.

A temática dos camponeses, que parece ser a preocupação principal de Millet a partir do início dos anos 50, fez a sua primeira grande aparição no Salon de 1848 com Le vanneur.

Em meados dos anos 60, começava a haver encomendas das obras de Millet; o reconhecimento oficial chegou em 1868, após a exibição de nove quadros de grandes dimensões na exposição de 1867.

Podem encontrar-se colecções importantes das obras de Millet no Museum of Fine Arts, em Boston e no Louvre.

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