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João de Sousa

Sábado, Dezembro 21, 2024

A democracia é uma treta

O poder só o é porque umas pessoas o aceitam e outras lhe obedecem.  É bizarro por ser um exercício de pessoas sobre pessoas.

É claro!

Tão claro que até dói a perceção de que afinal, nos andamos a enganar a nós próprios convencidos de que a democracia assenta em pressupostos quando até sobre esses pressupostos existe divergência profunda na interpretação individual capaz de causar roturas sociais individuais e coletivas assim como efeito perverso na vida das pessoas. E que, na sequência deste engano, acabamos tentando enganar todos os outros intencionalmente convencidos ser possuidores da melhor das intenções em não enganar ninguém…

O poder só o é porque umas pessoas o aceitam e outras lhe obedecem. É bizarro por ser um exercício de pessoas sobre pessoas.

É óbvio de que este é um tema de melindres extremos porque mexe com toda a articulação da estrutura necessária à organização das sociedades em todos os domínios. Assim como da complexa teia de articulação da vida, do meio e, da sua sustentabilidade.

Neste contexto, o poder assume relevância pelo exercício sendo raras as situações em que o assume por mérito, nas dinâmicas de gestão, mas também na transição entre gerações, sempre na projeção e preparação de o futuro uma vez que, o individuo se movimenta seguindo todos os requisitos que lhe são incutidos desde que nasce. Pela família em uma primeira fase. Maioritariamente pela escola em uma segunda fase. Pelo meio em que se insere em todo o processo evolutivo. Sendo que, a família tem ascendente prioritário. A escola forma o individuo de acordo com os valores ditados pelo poder político moldado pelo desempenho docente. Cabendo ao meio em que o individuo se movimenta a componente relativa ao molde do perfil “sustentável”. E, finalmente, o resultado é sempre o da continuidade de todos os processos consequentes implícitos em que as mudanças acontecem em permanência.

No quadro dessas mudanças inscrevem-se as mudanças políticas profundas que ao mudarem a organização social da Humanidade mudaram a face do Planeta.

Mudanças não completas porque não ocorrem em simultâneo condicionadas por fatores estratégicos nuns casos e geoestratégicos noutros casos que tem provocado assimetrias generalizadas tão só porque, o Poder, assim o quer.

Ora, é esse mesmo  poder, implantado em Países ditos civilizados onde a lógica de que a democracia é o pilar central dos direitos liberdades e garantias dos cidadãos que,  transformou a democracia numa treta porque, a democracia, é um estratagema usado com argúcia pelas diversas organizações emergentes das complexas disputas ao longo da História, as organizações políticas partidárias representativas dos diversos segmentos sociais, para conseguir o seu objetivo supremo que é o exercício da detenção de: O poder! Um poder efémero com múltiplos poderes associados de sustentação e, em sustentação.

O poder instalado reduziu a democracia a uma ínfima parte que é a da disputa eleitoral do exercício por período constitucionalmente consignado.

Uma espécie de concessão da gestão pública, mas, cujo efetivo poder se mantém inalterado nos agentes intermédios de toda a estrutura da organização social.

As organizações políticas partidárias representativas dos diversos segmentos sociais concentram em si a face visível dos interesses intermédios reguladas por Estatutos que ainda há bem pouco tempo eram a cartilha usada pelos seus dirigentes e demais militantes para fazerem valer a argumentação plasmada em um documento que a sua generalidade hoje em dia desconhece e para o qual se está pura e simplesmente “borrifando”.

Esta questão até podia ser de somenos importância se por de trás dela não estivessem fatores essenciais para a vida individual e coletiva das pessoas em sociedades organizadas, e do ambiente, cada vez mais exigentes porque cada vez mais as dificuldades se avolumam e cabe ao poder visível a incumbência de apresentar soluções implementando-as.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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