A direita política em Portugal ainda não se conseguiu livrar do estigma transitado de “O Estado Novo” de António de Oliveira Salazar e posteriormente Marcelo Caetano a que a Revolução de Abril colocou termo.
A Assembleia Nacional foi a escola de alguns proeminentes dirigentes que ainda se mantém ativos nos círculos do poder efetivo com ascendente ideológico e da organização social do Estado com incidência sobre as novas gerações que não viveram período da História conturbado conseguindo “branquear” essa vivência em que a tirania era imposta e, socialmente aceite por uns, contestada por outros e, combatida pelos seus opositores políticos de então, na clandestinidade ou no exílio.
Neste contexto, a aspiração da direita em Portugal está circunscrita a táticas pontuais utilizadas para conseguir um determinado fim sem uma estratégia definida e suficientemente clara para a conquista desse fim. O que lhe dificulta o caminho, o rumo e, o norte!
Assunção Cristas percebeu que, o seu CDS/PP, com o aparecimento de um novo partido político, o ALIANÇA –“um partido personalista, europeísta, liberalista e solidário” –, liderado por Santana Lopes, corre um sério risco de perder a sua base social de apoio que é o seu eleitorado tradicional, mas, e também, o seu espaço de raiz ideológica da democracia cristã, um espaço do eleitorado agregador de toda a direita convencional onde os valores que regem o individuo são comuns e, se centram na coesão económica e articulação da circulação do capital financeiro em domínio privado em detrimento do coletivo organizado, o Estado.
Assim sendo, tomou a dianteira política da afronta Parlamentar para marcar posição, ao apresentar uma moção de censura ao governo e, assim fixar o eleitorado do centro direita no seu espaço político, de forma a que este não se deixe “convencer” pelas derivas populistas de Rui Rio secundadas por Santana Lopes na campanha eleitoral para as Eleições Legislativas que se avizinham.
Uma tática política de sobrevivência no arco do poder:
- Político;
- Económico;
- Social;
A direita apresenta soluções gastas já caducas e desajustadas aos novos tempos em que as mudanças de paradigmas são incontornáveis e a maior e mais equitativa distribuição da riqueza produzida é um facto a que urge fazer face por motivos óbvios:
- O aumento demográfico desmesurado;
- O ordenamento administrativo regional e nacional dos povos;
- O novo ordenamento geoestratégico continental e intercontinental;
- O domínio do conhecimento;
- A inovação tecnológica;
- A precariedade laboral;
- A globalização;
- Outros;
A esta nova realidade sociopolítica a direita em Portugal procura responder em consonância com a direita política internacional que já deu prova de ser eficaz nesta vertente do panorama político partidário e em sintonia com fenómenos sociológicos correntes.
A moção de censura acima referida só tem razão de ser se a considerarmos neste contexto e, em Portugal até pode resultar uma vez que o PPD/PSD não tem eleitorado ideológico e o ALIANÇA ainda não se mostrou verdadeiramente.
Desta forma o espaço ideológico da direita e do centro a que acrescem os radicais populistas pode convergir no CDS/PP e assim capitalizar os votos de todos os indecisos mais os descontentes do centro-direita.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90