No assunto dela escreveu agora, Pena não te levares a sério… E, isso levou-me o sono…
Naquela época eu acreditava que só era possível reinventar o mundo, em especial o das empresas, partindo de uma única ideia, o retorno à simplicidade de valores, a uma estratégia de compromisso real baseada em ideais pelos quais estejamos dispostos a morrer. E, hoje poderá ser diferente? Penso que não.
Mas, voltemos ao que eu afirmei em 2011 e à minha intuição relativamente ao devir do ser humano. Então, dizia eu.
O abandono da posse
No futuro tudo o que necessitamos poderá ser transportado numa pequena mala de senhora. Já pensou que os filmes da sua vida, os livros que mais amou, as músicas e as imagens que sempre recordou,…, tudo o que guardou ao longo da sua existência caberá, agora, em 8 Gb de memória? Estávamos em 2011 e 8 gigas de memória eram o máximo da tecnologia imaginável…
Como é que isto poderá afectar o mundo dos negócios, em especial o comportamento dos consumidores, as suas necessidades, os seus desejos, a sua satisfação? Desde logo as pessoas deixarão de ser coleccionadores de bens, de objectos,…, para regressarem à frugalidade de um mundo vivido na primeira pessoa, acumulando experiências directas, tomando consciência que ao ser humano bastará muito pouco para ser realmente feliz.
O mundo grátis
No futuro tudo será alugado, simplesmente partilhado, ou tantas vezes usufruído por troca directa. O mundo será colaborativo, assim como a própria Natureza. Para isso será necessária a existência de uma dimensão virtual, ou algo que se lhe assemelhe, permitindo uma cooperação de proximidade, possibilitando que encontremos tudo o que necessitamos, ou desejamos. Inspirando-se na própria mãe natureza a internet veio provar que é possível substituir a competição pela cooperação. As redes sociais permitem já construir um mundo a meio caminho da gratuitidade. No futuro o mundo será grátis!
Com o desaparecimento do modelo de sociedade baseado na concorrência e no crescimento económico, surgirá uma economia que procura amadurecer, retornando à responsabilidade do cuidar, palavra tão esquecida no ambiente empresarial. Hoje eu diria, voltando à ética da atenção e do cuidado.
Só uma vida baseada em valores e na coerência de os ter poderá justificar a plena satisfação perante as injustas adversidades da vida. Os novos criativos, os empreendedores,…., irão utilizar os seus produtos ou serviços para veicular novos ideais. No futuro todas as marcas terão uma justificativa política, social,…, uma matriz ideológica activa. Hoje, em 2016, estou, ainda mais convencido disso. Lá chegaremos…
Liderança para o terceiro milénio
A liderança para o terceiro milénio dependerá da aceitação de valores inalienáveis, que não poderão ser vendidos, nem mesmo comprados, onde só a prática accionará a completude de uma espiritualidade sã, podendo com isso contribuir para melhorar a convivência entre todos os públicos relacionais. Não só passamos a incorporar valores mas, igualmente, a manifestar a pura crença nas razões da sua implementação.
Os novos líderes estarão dispostos a morrer por valores inatos a qualquer ser humano sem excepção. Repousando estes na origem da consciência de cada um, facilmente poderão ser projectados no inconsciente colectivo, isto com vista à necessária mudança. Em 2013 escrevi um livro sobre isso mesmo (Gestão Samurai, Servir para Liderar).
Esta será, então, uma forte possibilidade de caminho ante um futuro em que teremos necessidade de quase nada, onde a grande utopia será a da autonomia e da responsabilidade. Hoje entendo que a única utopia é a consciência necessária para a mudança.
Desde 2011 pouco mudou a minha visão da economia, por isso continuo a colocar as mesmas perguntas… As respostas estarão há muito do vosso lado… Já agora, está mais preocupado(a) com o fim do mês ou com o fim do mundo? Pois é… há perguntas que tudo mudam!
[…] Source: A economia como desculpa… – Jornal Tornado […]