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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

A era da empatia económica: o Rendimento Básico Incondicional

Paulo Vieira de Castro
Paulo Vieira de Castrohttp://www.paulovieiradecastro.pt
Autor na área do bem-estar nos negócios, práticas educativas e terapêuticas. Diretor do departamento de bem-estar nas organizações do I-ACT - Institute of Applied Consciousness Technologies (USA).

Paulo Vieira de CastroDistribuindo dinheiro sem condições e para todos…

Não será inovador injectar dinheiro nos mercados. É uma prática comum em tempos de crise, isto como forma de
estimular a economia. Os bancos centrais imprimem dinheiro, os bancos comerciais concedem crédito fácil, etc…

A diferença na proposta do Rendimento Básico Incondicional (RBI) é que não são mais os bancos a apoiar financeiramente as famílias para as capacitar para uma vida mais digna.

Esta é uma verdadeira afronta ao sistema económico e financeiro português, é que não são eles, os bancos, quem gere este processo.

E, será muito por isso que o RBI terá dificuldade de se impor como ideia estruturante de uma nova sociedade.

Não nos podemos esquecer que a falta de autoridade, por exemplo, dos políticos nacionais tem a ver, numa primeira linha de impacto com o facto do poder disciplinador da sociedade ter passado a ser exercido pelo mercado financeiro e os seus agentes.

RBI

Economização excessiva da humanidade

Certo é que qualquer capitalismo tem regras. O consumo é a forma como a maior parte de nós participa neste processo.

A mesquinhez do povo português em relação ao RBI expressa-se numa única questão: vamos estar a dar dinheiro a quem nada quer fazer? No mundo capitalista não há quem nada faça se lhe for dado o RBI!

É exactamente o contrário do que imaginam! O nada fazer só é possível se essa pessoa não tiver dinheiro. Se eu lhe der o RBI ela não tem como “nada fazer”… Se eu tiver dinheiro, eu consumo, se eu consumo eu sou produtivo pois cuido do fim último da sociedade de consumo; consumir…

E, consumir é a realização final da cadeia de valor de qualquer forma de produção na economia capitalista. Toda a actividade humana é, agora, produtiva.

Por consequência, o meu maior medo é que o RBI contribua para novas formas de escravatura.

 

Economia da esperança

Criar um RBI partindo de valores e sentimentos ancestrais exige uma nova economia moral. Esta mudança não depende de dinheiro, do regime político ou económico.

Os detractores do RBI partem de perguntas como a do financiamento do modelo, sem antes saberem do que estamos a falar verdadeiramente… Fazer depender tudo isto de questões financeiras é partir do nível mais baixo da discussão.

Note-se que ninguém colocou esta pergunta ab initio quando se decidiu que haveria uma escola grátis para todos, saúde para todos, justiça para todos, etc. Considerou-se que seria útil e posteriormente pensou-se no como financiar o processo.

Veja-se o quanto regredimos desde esses tempos em termos de carácter humano e dignidade de sentimentos… Mais, quando foi necessário recapitalizar a banca privada não me lembro desses mesmos políticos e fazedores de opinião terem perguntado de onde vinha, afinal , o dinheiro…

Se a nossa economia está cada vez menos dependente do trabalho e menos, ainda, da mão de obra, então o trabalho não pode ser a única justificação para termos dinheiro.

O progresso não é o crescimento económico… O progresso é a realização das Utopias. E, estas são – apenas – a tomada de consciência da necessidade de mudança. Penso sermos chegados a este momento.

 

A era da empatia económica

Finalmente, muita gente confunde empatia com simpatia. Empatia é “sofrer com”, i.e. compreender o mundo e preocupar-se com ele. Simpatia, ou a falta dela, toda a gente sabe o que é. Mas, ambas supõem uma mesma ideia de partilha autêntica. Ser genuíno é a maior forma de autonomia que poderemos consagrar ao ser humano.

Convém salientar que modernamente a economia está já a caminho de um processo de reconversão, ainda mais profundo, isto na busca de um mundo melhor para todos.

Ouve-se , agora, falar de economia do bem comum, economia consciente, dharma marketing, capitalismo consciente, economia da comunhão, bitcoins, comunidades utópicas de economia comum, moedas regionais, economia da partilha, economia espiritual, movimento Foculari, etc…

Conclusão, o RBI deverá ser implementado fundamentalmente pela sua imensa bondade. Trata-se de um excelente exemplo de regime transitório para um mundo onde tudo será gratuito.

O RBI traz-nos uma mudança em termos de valores e sentimentos imprescindíveis no momento actual.

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