“Dias hão-de vir em que, de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído. E qual o sinal quando isso estiver para acontecer?”
Lc 19, 44
Tal como aparecera toda vestidinha de branco no cimo da montanha, Beatriz evaporara-se no fim daquela tarde misteriosa. Diz quem a viu que os seus olhos procuravam em vão as estranhas razões da morte do Inventor.
– Viste a pindérica?, disse a vizinha sempre acompanhada do seu silenciado marido.
– Claro que vi, vi tudo. A mim não me engana ela, só não sei quantas vezes se pôs debaixo dele.
– Debaixo?
– Debaixo ou por cima, tanto faz.
– Eu gosto mais por cima. E tu?
– Tanto faz!
Conversas de merda, disse Pepe Mão de Fada. A maior parte das conversas são de merda. Como a vizinha afirmou: só de a ver caíram-me os colhões ao chão.
– Colhões?
– É uma forma de dizer, vizinha. Não leve tudo à letra. A língua é traiçoeira.
– A língua?
– O contexto é que é importante.
– Para mim é o texto, disse o Narrador às voltas com a dificuldade deste Inventor, infelizmente morto e com a infeliz ideia do FISOJACTO escondida na mente.