Os sindicatos estão a morrer. Duas razões: só falam de dinheiro e da Função Pública. Tornaram-se cobardes perante os privados e escolheram o Estado como principal inimigo – i.e., todos nós.
Nem carregados de batom e verniz Mário Nogueira e Ana Avoila nos convencem da bondade dos seus argumentos. E se vos disser “Carlos Silva”, de repente, ao ouvido, não vos vem cara nenhuma à memória, porque o secretário-geral da UGT desapareceu nas brumas. Mesmo Arménio Carlos, sem boneco a acompanhar, é uma difusa imagem.
O sindicalismo começou contra as corporações privadas. Uma luta comum de homens e mulheres que faziam frente ao mais difícil: o poder total capitalista de exploradores nefastos. Hoje, reduziram-se a manifestações com hora marcada, sem a imaginação dos sabots.
Outro problema dos sindicatos é ausentarem-se da política. Ao contrário do que se sustenta, que a UGT e a CGTP estão dominadas politicamente, é o contrário que se passa. Nem uma nem outra tem qualquer interesse na política que giza o Serviço Nacional de Saúde, a Educação, as Infraestruturas ou o caminho das empresas de telecomunicações. O último resquício de sindicalismo aparece, muito de vez em quando, sobre o imaginário caminho da TAP (e só quando esta é pública, à segunda, quarta e sexta…).
Pedro José Proudhon tinha razão: “A política é a ciência da liberdade”. Quando se desfaz um dos princípios do sindicalismo, o primado da política, o sindicalismo transforma-se num coro de velhas. Dobrados ao grande capital, os sindicatos só mangam a Autoeuropa de vez em quando, porque parece que o poder está longe.
Não há manifestações ou propostas políticas contra o sistema bancário falido, agiota e exploradores. Alguém viu a CGTP contra o BES? A UGT contra o Pingo Doce? Nem o Sindicato de Jornalistas, outrora uma classe trabalhadora cheia de confiança do povo e hoje afundada na sua incredibilidade, consegue levantar cabeça, depois de anos sem rumo.
Os sindicatos são fundamentais na vida da sociedade. Precisamos de gente forte e causas sindicais, política e visão laboral para o país. Mas não existe um verdadeiro movimento trabalhista em Portugal. A Esquerda portuguesa nunca foi trabalhista. O PS não tem raiz nos sindicatos e o PCP apoderou-se contra-natura das organizações sindicais.
Mas o ideólogo disto era claro: “Os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos. Levantemo-nos”. Se formos a tempo.