Poema, em cinco andamentos, de João de Almeida Santos,
com composição digital de Rute Henriques (Agosto de 2017)
A JANELA!
I.
Como gosto
De te ver,
Tão singela,
Por ali,
Dessa janela!Dizes,
Com o olhar,
“Olha, voltei!”
E eu pergunto:
“- É mesmo ela?!”
II.
O milagre
Da janela
Repõe
Em mim
O que há muito
Sobra dela!Se a perco,
Ela renasce
E cresce em mim,
Mas logo
Desaparece!
É um sem fim
Pois se me lembra
Logo m’esquece…
III.
Mas da janela
Nesse teu ar
Vi-te singela
Com a ternura
De quem te ama
E nem se cura
Uma só vez
Da tua chama!Porque me dura
Este sofrer…
Quando te encontro
É dor intensa
Só de te ver…
………………….
Que não magoa
E dá prazer!Mas um’aragem
Soprou tão forte
Sobre o teu rosto
Que te levou
A doce voz
Para o sol-posto…
Perdeu-se o norte,
Caiu silêncio…
……………….
Foi sobre nós!
IV.
Porque não falas
E não me dás
O teu “Olá!”?
Desce daí,
Passa por cá
P’ra te dizer
O que, já sabes,
Me faz sofrer!“Mas eu não posso”,
Tu dizes sempre
Com teu olhar:
“Digo-te não!
Mesmo que desça
Não há perdão!”Porque t’escondes
Em cada dia?
Eu não t’encontro,
Perco alegria…
Depois regressas
P’ra eu te ver
Para que saiba
Que não há modo
De t’esquecer…
V.
Vi-te mil vezes!
Sempre te disse
Com o olhar:
“Quero-te, sim,
Mesmo que fujas
Quando apareces
Não é de mim
Mas de um outro
Que desconheces!”Porque te perdes
No meu olhar
Sempre me foges…
Olhas em frente
P’ra não me ver
Então recordas
O que tu sentes
Por te querer!Como gosto
Dessa janela!
Se me debruço
De vez em quando
Olho p’ra ela,
Fico feliz
De eu a ver
Mesmo que saiba
Que a vou perder!
Ilustração: composição digital de Rute Henriques (Agosto de 2017)