Nada disso tem contribuído para percentagens consideráveis da solução, e cabe-nos apenas a modéstia de olhar para o que se passa enfrentando o que podemos.
A constatação, talvez a mais inquietante, é a da lentidão do mundo. Enquanto as guerras produzem vítimas ao segundo, as coordenadas da paz não têm território firme para responder com dignidade aos portadores do sofrimento. O medo, sobretudo xenófobo, o fundamentalismo de quem se sente ameaçado por quem lhe pede auxílio, atrasa a eficácia.
Quando chegar a nossa vez de fugir e pedir abrigo, asilo, um pequeno rincão de paz, será tarde de mais. E não teremos, até lá, aprendido nada com o que o mundo ora nos ensina.
Dizem os relatórios que Portugal recebeu até agora 720 migrantes recolocados da Grécia (459) e de Itália (261), num total de 8.162 pessoas já distribuídas pela União Europeia (UE) (são dados divulgados pela Comissão Europeia). É uma pequena linha escrita num grande capítulo de insuficiências. O relatório em questão apura que do total de 8.162 pessoas na União Europeia, 6.212 foram recolocadas a partir da Grécia e 1.950 a partir da Itália.
A França é o país que mais pessoas recebeu desde o início do programa, em julho de 2015, num total de 2.373, seguindo-se a Holanda (1.098), a Finlândia (901), Portugal (720) e a Alemanha (615).
A Comissão considera que, até setembro de 2017, deverá ser possível transferir para os outros Estados-membros todos os requerentes elegíveis que se encontrem na Grécia e em Itália.
Para alcançar este objetivo, os Estados-Membros deverão efetuar mensalmente, a partir de agora, pelo menos duas mil recolocações a partir da Grécia e mil a partir de Itália.
A partir de abril de 2017, terão de ser efetuadas pelo menos três mil recolocações mensais a partir da Grécia e 1.500 a partir da Itália. É o ritmo lento e exasperante do que consideramos possível.
Como notamos, há frases flagrantes no relatório, como a que sublinha a distinção: todos os requerentes elegíveis, o que pode, em última análise, ser um foco de descriminação.
Entretanto, a Alemanha faz anunciar que destina 150 milhões de euros para ajudar refugiados a regressar aos seus países. O Governo da Alemanha vai lançar um programa de 150 milhões de euros para ajudar requerentes de asilo e outros migrantes a regressar aos países de origem.
Nos próximos três anos, a Alemanha vai disponibilizar 50 milhões de euros anuais para este programa, que se destina tanto a requerentes de asilo que não têm resposta positiva ao seu pedido como a outros migrantes que querem voltar ao seu país, anunciou o ministro do Desenvolvimento, Gerd Müller, numa entrevista ao jornal Augsburger Allgemeine.
Poderão aceder ao programa iraquianos, afegãos e originários dos Balcãs. O objetivo é dar-lhes a oportunidade de “um novo começo” nos seus países, disse o ministro alemão e esclareceu: “Podemos oferecer-lhes educação, formação profissional, emprego e benefícios sociais”.
A Alemanha recebeu 900 mil pedidos de asilo em 2015.
Este artigo respeita o AO90