Eu só estava pensando nas exonerações de 2019, mas tinha de fazer a sopa para o jantar… Foi então que lembrei-me de que tinha emprestado o passevite a alguém mas não sabia a quem… A varinha mágica do kit9 há muito que deixou de fazer magia…
E outra vez a minha fiel setinha numero quatro, a ajudante mor, que enquanto comia as cenouras que eu descascava, disse com firmeza:
Mamã… Não te apoquentes… Emprestas-me o teu telemóvel para eu jogar o subway surf enquanto crio uma estratégia para voltar no tempo, exactamente no momento em que emprestaste o passevite e impedir que empreste a gatuna…
Olhei-a boquiaberta e continuei a pisar o feijão com a garrafa, enquanto a ouvia dizer que era tudo uma questão de cálculos, que se ela tivesse o meu telemóvel nas mãos, podia resolver qualquer problema meu, inclusive voltar no tempo…
Ai como eu gostaria, mas estava meio apreensiva quanto a ceder o meu telefone a aquela “hacker” sedenta e atolada de planos…
Notou que eu não cedia. Acabou só por mastigar as cenouras.
Uma máquina do tempo seria a solução? Para apagar as borradas, desfazer erros cometidos, decisões tomadas. Pensei na sua como ela me apresentava a solução… Me enchendo de esperança de ver ser solucionado os meus problemas, até parecia uma campanha eleitoral, onde promete-se bálsamos milagrosos para curar uma fila de carências e necessidades, que acabamos de mãos vazias, renovando a esperança a cada cinco anos.
Voltar no tempo para dar um não na hora do sim, voltar no tempo para ficar em vez de ir…
Estava eu a pensar nas exonerações e nomeações, no tempo que se perde e na esperança que se renova… E com a proposta da máquina do tempo, pensei na saudade e honra que oscila, no vai vem com quantidades enormes de contas para prestar… E quando já à saída pisa-se mesmo o feijão com a garrafa.
A autora escreve em PT Angola