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Domingo, Novembro 17, 2024

A poética de Sena reencarnada em sonetos de Reis

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

4+4+1  Sonetos a Afrodite Anadiómena

Os poetas revelam-se na generosidade com que se dão aos outros”.
DMG

Este reencontro com os sonetos do hermético Jorge de Sena  nos sonetos eróticos de Carlos Reis, ambos cidadãos do mundo, ambos vorazes leitores, ambos amantes e fazedores da poesia (essa imensa “solidão” nas palavras do poeta), ambos extremamente exigentes até à médula, poesia recheada das coisas boas que nos proporciona, nomeadamente as visões de anjos tocando flautas  no universo ou de ninfas e deusas que nos atordoam o olhar e nos preenchem as paisagens por vezes cheias e por vezes vazias de beleza e espanto. Outra poesia nos surge como quem não bate a porta  nos traços do inevitável artista Reis (artista de mão cheia) com desenhos eróticos de beleza arrebatadora. Uma poesia visual que nos delicia o olhar e a carne em paisagens bucólicas e angelicais que nos fazem sonhar acordados.

Bem se pode dizer que em ambos os autores não se identificam escolas literárias, mas uma constante busca filosófica e estética. Na verdade, apropriaram-se de todas influências que bem lhes aprouveram e buscam incessantemente a liberdade de criar e a sua aura essencial.

Já dizia o mestre Sena:

Se for um poeta de verdade, meu caro, o melhor é com efeito não escrevê-los, e deixar de o ser. Porque a única alternativa é pavorosa ou prostituta, dando à cauda entre as madamas; ou monstro solitário sangrando os dentes na treva ainda quando só tenha visões de anjos tocando flautas, numa apoteose (ou epifania, que é mais elegante, e era exactamente o que Joyce dizia)”.

Estes textos poéticos apresentam como principal fulcro motivacional os aspectos passionais do amor e tudo o que diga respeito a Eros, tudo longe de Platão, mas perto da filosofia, pois a erótica  nunca atinge um tono  agressivo numa linguagem francamente mais conotativa.

O amor  pode sem dúvida engrandecer-nos ou destruir-nos e a mulher é o seu território sagrado.

Neste caso, a força telúrica do verbo , a sua gigantesca riqueza semântica e o inconformismo criativo de ambos, denunciam que os ventos lhes são francamente favoráveis no vasto campus eroticus  literário.

Foi e é esse inconformismo que os moveu, move e moverá no acto criativo como dizia Sena :

“Fere-me esta idolatria mais do que todos os crimes: tanto fervor desviado e perdido
tanta gente ajoelhando à passagem do tempo
e tão poucos lutando para lhe abrir caminho”.

Elucidativo sem dúvida.

Depois, há esta  constatação realista e nada presunçosa do mestre de que”… Ou a contraprova de que, individualmente, ninguém vale para além do orgasmo, ou do olhar de simpatia, ou do gesto de ternura”.

E poesia é (como sabeis), de longe, pelo menos para os poetas, a linguagem de maior potência de significação (“a mais condensada forma de expressão verbal”, dizia Pound).

 

Editorial Minerva

Título: 4+4+1 Sonetos a Afrodite
Autor: Bartolomeu Reis
Género: Poesia
Edição: Janeiro de 2019
Páginas: 52
Formato: 17 X 24 cm
ISBN: 978-972-591-890-6
P.V.P.: 15,00€

 

Não foi preciso entrar no universo dos poetas, porque sempre a ele pertenci. Porém, só agora, tarde da vida, entro no mundo dos autores publicados. E entro, com estes “Sonetos a Afrodite”, sob o pseudónimo de Bartolomeu Reis.

Outros livros, outros poemas, aguardarão a sua vez.

Bartolomeu Reis, como eu próprio, nasceu na Freguesia de Assentiz, Torres Novas, no ano de 1948. Mas foi em Lisboa, onde tem a sua morada, que se formou e assumiu o nome.

Ainda assim, nunca esqueceu o facto, determinante para a construção da sua personalidade, da sua estada no campo. Das longas férias de verão, passadas em casa dos seus tios e das suas primas, Ilda e Filomena, queridas como irmãs, na Quinta do Paraíso, próxima de Arruda dos Vinhos.


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