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Terça-feira, Julho 16, 2024

A roda mágica dos dólares de Trump para o projeto de Jared Kushner

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Estes negócios, por milagre, trarão a Paz. Podem não ter lucros nem viabilidade, podem não ter investidores, nem bancos nem créditos, mas fazem sonhar os tolos e os inocentes.

Conselho de Segurança das Nações Unidas

O projeto de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou na terça-feira um plano de Israel de anexar as construções ilegais dos colonos israelitas na Cisjordânia em uma repreensão à proposta de “paz” pró-Israel do presidente Donald Trump e e Genro Lda.

O texto preliminar, distribuído aos membros do conselho pela Tunísia e Indonésia, enfrentaria um veto dos EUA, mas, no entanto, ofereceu uma visão muito negativa de alguns membros sobre o Plano ou Negócio o Século que Trump e Família lançaram na semana passada com foguetes e fanfarra.

Diplomatas disseram que as discussões sobre o texto provavelmente começarão ainda esta semana. Espera-se que o presidente palestiniano Mahmoud Abbas fale com o conselho na próxima semana sobre o plano, possivelmente coincidindo com uma votação do projeto de resolução.

A resolução “sublinha a ilegalidade da anexação de qualquer parte dos territórios palestinos ocupados “e “condena declarações recentes pedindo a anexação por Israel” desses territórios.

O esboço de resolução foi visto por diversas agências noticiosas internacionais.

União Europeia

As medidas israelitas para à anexação do vale do Jordão e de partes da Cisjordânia, caso sejam implementadas, “não poderiam passar sem contestação”, disse o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrel em comunicado recente.

“De acordo com o direito internacional e as resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU, a UE não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde 1967”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer pressionar a aplicação da soberania de Israel sobre os territórios ocupados pelos colonos que o foram fazendo debaixo dos seus olhos seraficamente fechados e talvez voltados para o céu.

O plano de Trump e Filho

Inclui o negócio de encher o Médio Oriente com biliões de dólares.

Mas de onde eles virão?

O “ Negócio do século” é vago sobre a origem deste fluxo misericordioso de dinheiro para a cooperação económica regional.

Os biliões com que Trump acena aos palestinianos, à Jordânia e ao Egito, se eles apenas assinarem o ‘acordo do século’, é de pasmar. Os três devem receber pelo menos 50 biliões em dez anos. Quem deveria pagar? Quem espera investir essas quantias? O plano não diz, apenas espera que aqueles que já doaram, principalmente nações europeias, continuem a fazê-lo.

O governo americano não fará parte dessa generosa cenoura com a qual acena: parece que tenciona os seus amigos europeus a abrirem os cordões à bolsa. É verdade que o plano se concentra no desenvolvimento da economia palestiniana, na construção de novas formas de distribuição de energia, na pavimentação de estradas, num avançado sistema de transportes públicos e em infraestrutura para o ciência, tecnologia, educação e outros. Uma cenoura gigantesca.

Jordânia e Egito e também o Líbano seriam os destinatários de fresquíssima cenoura

A eles estaria destinada um grande pudim de cenoura!

Por exemplo, o plano promete 500 milhões de dólares, metade como empréstimo e metade como caridade, para incentivar novos negócios ao longo do Canal de Suez. A origem do dinheiro não é clara como a água do Nilo Branco e o plano “esquece” de mencionar que o projeto de expansão do Canal do Suez já foi reconhecido como um estrondoso fracasso comercial, apesar do presidente egípcio al-Sissi ter sacado biliões de dólares para o projeto.

Mesmo assim o Egito continua à procura de projetos “nacionais”, como a construção da nova e sofisticada capital administrativa, que certamente não aumentam o crescimento económico. Outros 500 milhões seriam destinados à expansão e melhoria de estradas entre o Cairo e a Península do Sinai. Meio bilhão para o desenvolvimento de fontes de água no Sinai. Para desenvolver o desequilibrado turismo no Egito mais umas pérolas a cair no frasco do vinagre de Cleopatra.

Promessas leva-as o vento? Sobretudo quando feitas com o dinheiro dos outros!!

Na verdade investidores estrangeiros evitam a região do Sinai há anos, e só o sul atrai turistas. O Egito prometeu inúmeras vezes investir no Sinai para criar fontes de subsistência para os beduínos como alternativas à colaboração com terroristas, mas resultados é vê-los por um canudo!

Em suma, no papel, o Egito deve receber mais de 9 biliões, a Jordânia 7,5 bilhões.

Parte será recebida em cinco anos, mas a maior parte será distribuída em dez anos. A maior parte da ajuda à Jordânia, seria para a construção de uma linha de caminho de ferro que liga Amã e Aqaba. Outra parte do dinheiro seria para o desenvolvimento de uma zona turística em Aqaba, com parques ecológicos e aquáticos, praias e hotéis, para melhorar o turismo regional e apoiar as indústrias de turismo na Cisjordânia e Gaza.

Tudo excelentes negócios, metade vinda de investimentos do setor privado. Mas, para que o setor privado da Jordânia consiga reunir investimentos dessa escala, teria de ser estudada a viabilidade económica dos mesmos, que teriam de contar com pressões das entidades de turismo em Israel, que dificilmente manterão a paz enquanto o turismo se desloca para a Jordânia.

Para o Líbano, a mirífica ajuda seria de 6 biliões. A cooperação económica entre a Cisjordânia, Gaza, Jordânia e Egito se baseia na lógica suposição de que o Egito e a Jordânia ardem de desjos de cooperação económica com Israel e com os palestinianos por causa dos tratados de paz assinados entre eles.

Estes negócios, por milagre, trarão a Paz. Podem não ter lucros nem viabilidade, podem não ter investidores, nem bancos nem créditos, mas fazem sonhar os tolos e os inocentes.

Haja deus!


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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