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João de Sousa

Sábado, Novembro 23, 2024

A rota da fuga

Fecharam as pensões (hospedaria). Agora nem para uma escapadela na segunda-feira após o expediente… Fecharam os bares aos finais de semana, caso para dizer beba em casa ou mantenha-te sóbrio (sério).

O caso é mais sério do que se pensa… Enquanto andamos distraídos com a Covid, o paludismo e seus derivados fazem a festa abrangendo homens, mulheres e crianças…

A febre da ostentação baixou, agora te cobram declaração de bens, mas também já se sabe que quem tem não ostenta… Acumula em malas, desafiando a lei da gravidade e da vida (tudo que sobe desce e tudo que começa acaba). Nem que seja com a morte mas acaba.

Incontáveis somas de indignações, contadas aos olhos deste povo impávido e incrédulo… Nãoooo… Não é possível… Onde cabe tanta ganância.

O narcisismo e egocentrismo, trancaram-se numa cúpula antisséptica, desinfetando-se dos lamentos e petições das míseras criaturas que se dizem compatriotas… Nem a seca, nem a fome, nem as doenças e nem as manifestações têm o poder de persuasão suficiente para penetrar as duras camadas dos seus corações arrebatados.

Estamos assim aos pedaços e aos farrapos, ao som do estômago faminto que canta o canto para atrair a chuva e inundar desidratadas artérias deste corpo teimoso…

É no vale dos lençóis, onde mergulho toda minha ansiedade e adormeço a inquietação… E a cada orgasmo visito o céu e espreito a eternidade. Um trago, um tranco… A rota da fuga desta realidade tortuosa.


A autora escreve em PT Angola

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