… é bem visível a preocupação de muitas pessoas pelo dia 25 de Dezembro, considerado como o dia da família. Muitos cristãos consideram-no como o dia do nascimento de Jesus Cristo, facto que nem a própria Bíblia confirma.
Quando era mais novo, inocentemente também ficava expectante com o Natal, mas na medida que fui crescendo, fui perdendo o interesse, e já há alguns anos que encaro o 25 de Dezembro como os outros 364 dias do ano.
Não celebro o Natal, mas não sou contra quem o faz.
Na época natalícia, também se verificam muitas acções de solidariedade. Empresas, igrejas, figuras públicas e a sociedade em geral realizam doações em vários lares de crianças e idosos, enfim, sempre que chega esta época, as pessoas querem demonstrar que são solidárias, tanto que muitas dessas actividades são denominadas por “Natal Solidário”. Além da solidariedade, as pessoas apelam também ao perdão e à tolerância.
Gestos de solidariedade são sempre bem-vindos, mas o que me inquieta é que muitos desses gestos verificam-se apenas no Natal. É somente no Natal que muitos querem demonstrar o amor ao próximo, doar bens às pessoas desfavorecidas, apelar à tolerância e à paz, etc.
E porquê estes gestos não são realizados ao longo do ano?
Se contabilizarmos todos os gestos solidários realizados ao longo do ano, e compararmos com os gestos solidários realizados na época natalícia, chegaremos a conclusão que o dia 25 de Dezembro é mais importante que os outros dias do ano, e é isso que não concordo.
É triste saber que até mesmo o governo que deveria promover mais acções solidárias ao longo de todo o ano, preocupa-se mais em realizar eventos de solidariedade quando chega o Natal.
Imaginemos o que seria de Angola e do mundo em geral, se as pessoas olhassem os outros dias do ano da mesma forma como olham para o dia 25 de Dezembro, tenho a certeza que o mundo seria muito melhor. Não é justo que apenas um dia seja mais importante que outros 364 dias do ano.
A maioria dos lares que recebem doações no Natal, uma semana depois deparam-se com grandes dificuldades, dificuldades estas que seriam minimizadas, se todos os 365 dias do ano fossem encarados como autênticos “25 de Dezembro”. Portanto, que sejamos solidários sempre, e não apenas no Natal.
O autor escreve em PT Angola