É evidente que “as coisas acontecem porque têm de acontecer” mas também é evidente que “nada acontece por acaso”. Nos EUA, nestes últimos dias, Hollywood, a CIA, o FBI e os Clinton foram mediaticamente trucidados (mesmo se a imprensa mainstream abordou os assuntos muito a contra-gosto). Terá sido por acaso que tudo isto aconteceu? Ou terá sido obra de um Steve Bannon que, além do resto, soube muito bem esconder a sua mãozinha? Steve Bannon, Trump’s ‘Dark Angel, agora afastado da Casa Branca, é um “information warrior”. Talvez o mais letal de todos. E a quem, sobretudo, não faltam orçamentos de milhões de dólares.
Como estratega da campanha triunfante de Trump, Bannon viu Hollywood lançar uma torrente de ódio sobre o seu candidato e viu-o a ser sistematicamente acusado de assédios e comportamentos sexuais grosseiros.
Bannon deve, então, ter pensado que o seu candidato estava a ser acusado exactamente do que eram as práticas correntes e vulgares de Hollywood (um meio que, de resto, Bannon conhece bem)…
A campanha eleitoral dos Clinton terá gasto coisa de uma dezena de milhões de dólares a tentar encontrar, junto de fontes russas, matéria sórdida para atirar sobre o candidato Trump…
A CIA, o FBI e o “deep state”, aparecem, bem ou mal (isso não interessa aqui), no últino ano, como um tenebroso inimigo de Trump, disposto a crucificá-lo…
Ora, neste mês de Outubro, Hollywood, os Clinton, a CIA e o FBI, subitamente, levaram todos muito que contar.
O Hollywood Horror Show arrasou a imagem e a reputação de artistas, realizadores e produtores e deixa a Meca do cinema mergulhada na maior crise existencial da sua história. E nem o pai Bush escapou à denúncia de, já numa cadeira de rodas, ainda ter andado a “apalpar o rabo” a uma conhecida actriz…
Dentro de “timings” legais mas por decisão de Trump, entreabriram-se os cofres que guardam os mistérios do assassinato de Kennedy. E foi ver CIA e FBI correrem a pedir a Trump o favor de não deixar que, “por razões da segurança nacional”, os mais importantes dos papéis não se tornassem públicos e garantir que continuavam fechados a sete chaves. Magnânimo, o presidente lá fez o favorzinho que lhe pediam… Mas uma cabeça bem informada e uma mãozinha marota lá fizeram aparecer outros documentos que reforçam a tese da cumplicidade das “agências” no assassinato de Kennedy, como, por exemplo, este memorando do FBI, até agora desconhecido:
Os Clinton foram muito malandros, ratos ou macacos, na pré-campanha, na campanha e mesmo já depois de Trump ter tomado posse. Uma ‘alegada’ cumplicidade da campanha de Trump com o establishment russo tem sido o prato forte de uma terrível guerra de informação movida ao milionário-presidente. Objectivo: destruir a legitimidade de Trump e apresentá-lo como “um representante de Putin”, reduzindo-lhe assim a capacidade de acção e a margem de manobra. Em contrapartida, os Clinton são gente “patriótica, séria e anti-russa”…
Bem, esta semana, a grande notícia na matéria é uma coisa simples: “The Clinton campaign was working with Russian sources to dig up dirt on then presidential candidate Donald Trump”.
E o “inevitável” aconteceu: “With the Clinton Foundation and Hillary Clinton’s campaign coming under increasing investigative scrutiny for their ties to Russia, just over half of voters now think something illegal was going on.”
Para a Bloomberg, Steve Bannon é The Most Dangerous Political Operative in America. Mas o papel desempenhado por Bannon não é inédito. Nas sociedades mediáticas, atrás de um presidente há sempre um grande “information warrior”.
Para falar só dos mais recentes presidentes, digamos que Obama foi “inventado” por David Axelrod, que George W. Bush foi feito governador e depois presidente por Karl Rove (também conhecido por ‘Bush’s Brain’) e Trump foi uma criação de Steve Bannon.
Concluindo: há uma imensa diferença entre as inocentes “PR” (as ‘public relations’ de que José Sócrates era – ainda será…? – grande adepto) e a ‘information warfare’ (a guerra de informação).
Quando disse, em público, “quem se mete com o PS leva”, Jorge Coelho apenas mostrou que, nestas matérias, era um mero aprendiz de feiticeiro… que acabou virando o feitiço contra si mesmo. Alguém como Steve Bannon nunca diria nada de semelhante. Limita-se a dar, eficientemente, sem anúncio e escondendo a mão.
A grandes artistas, há que tirar o chapéu… “Chapeau”, pois, a Steve Bannon, The Most Dangerous Political Operative in America.