Entre as produções asiáticas, filme de Chung Mong-hong se compara a Parasita e Assuntos de Família.
A moda de filmes sobre família continua no Oriente. Este A Sun, da China Nacionalista (pois antes a conheci com esse nome, já que se trata de uma dissidência da China Comunista – e Taiwan era só a capital), foi produzido em 2019, com direção do cineasta Chung Mong-hong. A produção já recebeu prêmios importantes em seu país, inclusive o de melhor filme. Entre as produções asiáticas, sem dúvida se compara com os filmes mais famosos “de família”, como Parasita (da Coreia do Sul) e Assuntos de Família (do Japão).
É interessante notar como esses “filmes de família” são diferentes na estrutura conteudística. Em Taiwan, a sociedade e a cultura são diretamente próximas da cultura norte-americana – e certamente por isso temos um filme com uma marca muito presente do cinema de Hollywood. Sentimos que a narrativa se alonga, como é próprio de um cinema oriental – mas, ao mesmo tempo, formas especiais de continuidade, como a do filme policial, se mantêm presentes. Os outros dois filmes citados são mais distantes de Hollywood.
Nem por isso o cineasta Chung Mong-hong deixa de ser e se mostrar um artista de grande autonomia. Ele consegue numa produção de duas horas e meia manter a leveza da narrativa e chegar bem a atingir o agrado do espectador – e continuando a mostrar sua origem cultural do Oriente.
A estória mesmo abriga uma grande densidade policial, e não de cinema dramático, mas ele ou o roteirista cria um ritmo que se sobrepõe ao simplesmente gênero e, então, atinge a grandeza de uma quase tragédia social. Nesse filme, embora o social consiga ser menos importante que o puro psicológico, são os dramas pessoais do pai, da mãe e dos dois filhos que se mantêm com mais força de presença.
A equipe de atores – todos me parecem chineses de Taiwan – se mostra composta de intérpretes experientes e com muita desenvoltura. Nesse aspecto, penso que se trata de um filme mais maduro do que Parasita e Assuntos de Família. Está em exibição na Netflix.
por Celso Marconi, Crítico de cinema mais longevo em atividade no Brasil. Referência para os estudantes do Recife na ditadura e para o cinema Super-8 | Texto em português do Brasil
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